Esses dias estava desejoso de me aventurar num bom RPG tático no PS Vita, aquele portátil que ninguém liga, mas eu amo e é minha plataforma favorita (sim, o Vita é o videogame favorito de alguém). Eis que me deparo com Grand Kingdom e depois de duas missões bem-sucedidas eu me pus a imaginar “poxa, como seria legal um game nesse estilo, mas com o visual dos games da Vanillaware”, quando de um salto me lembrei de uma coisa, desliguei o Vita e corri pro PSP.
Grand Kingdom é a sequência espiritual de um game muito bem recebido no Japão, produzido pela Vanillaware e publicado pela Marvelous Enterntainment, chamado Grand Knights History. E é sobre essa pérola gêmea de Grand Kingdom que eu vim falar hoje.
Vanguarda
Hoje em dia, com a onda dos jogos retrô, estamos testemunhando uma enxurrada de belíssimos gráficos em pixel art, todavia quando falamos de 2D puro, e não uma releitura dos gráficos de 8 e 16 bits com os benefícios da computação gráfica atual. Mas muitos games fora da onda retrô enfrentam uma certa resistência quanto aos seus gráficos 2D. É comum vermos gráficos chapados, pouco expressivos e as vezes visivelmente feios em relação à obras primas da época do Super Nintendo.
Alguns “remakes” de jogos 2D famosos estão sofrendo duras críticas e sempre tem alguém apontando algum game e dizendo que parece uma “animação do flash”. O fato é que não há um consenso sobre qual deveria ter sido o caminho a ser seguido pelos gráficos 2D quando foram “mortos” pelos jogos 3D lá na época do primeiro Playstation. Contudo, para mim, creio que esse caminho é o trilhado pela Vanillaware.
Fica claro em qualquer trabalho da produtora o quanto a arte deles é feita com o mesmo carinho da época dos 16 bits, porém sendo evidentemente uma evolução em diversos aspectos, como volume, cores e fluidez. É uma união de esmero, amor e forma deliciosa de se ver em tela. Não só é lindo no sentido de bem feito, mas também na riqueza de detalhes e variedade de conteúdo apresentado, demonstrando uma visão diferente de certas criaturas e personagens de cunho medieval.
Por mais que Grand Knights History tenha outros predicados, é notório que a apoteose dos gráficos 2D do título é o que chama a atenção para ele.
Esmero
Mas como não se julga um livro pela capa, o gameplay de Grand Knights History, adianto, é tão competente quanto os visuais. Após aceitar as missões dadas pela facção (vamos abordar o enredo daqui um “cadin”), o jogador é lançado ao mapa onde movimenta uma peça que representa seu pelotão em uma espécie de grid com trilhos por onde as peças se movem. Os inimigos são representados também por peças que quando estão no mesmo espaço que a peça do jogador, iniciam um conflito, como numa sala de batalha de JRPG.
Na batalha, o pelotão do jogador fica à esquerda da tela e o inimigo à direita, sendo que a movimentação dos combatentes é baseada numa barra de ação para cada personagem que pode se mover adiante e atrás dentro de 3 linhas de profundidade. O consumo da barra de ação vai variar de acordo com a ação escolhida e os atributos do personagem.
O combate de Grand Knights History é bem ágil e envolvente e mesmo após horas o jogador ainda vai se ver fazendo experimentações e estratégias, seja trocando combatentes no pelotão, montando novos pelotões com diferentes classes ou mesmo utilizando itens e vantagens de terreno. E eu me sinto falhando miseravelmente na tarefa de explicar o gameplay, mas acreditem, é muito bom.
O plot que conduz à porradaria, no entanto, não é o mais rebuscado, há três nações em guerra – Logres, Union e Avalon – e você é um capitão que vai prestar seus serviços a uma delas. Cada nação possui um líder emblemático, que é basicamente o ultimate character de cada uma das 3 classes disponíveis no jogo.
Os pelotões podem ser formados por soldados das classes Knight, Archer e Wizard. Sendo que cada uma delas pode se “transformar” numa sub-classe dependendo da arma designada a cada combatente, além de também poderem ter seus visuais amplamente personalizados. Mas…
Acessibilidade
Ao contrário de seu sucessor, que recentemente foi “dado” na PSN Plus, Grand Knights History é uma hidden gem, muito bem escondida. Só saiu para PSP e somente no Japão. E mesmo no Japão, sua jogabilidade é afetada pelo fechamento dos servidores do jogo, obrigando quem quiser desfrutar da parte online – que é uma boa parte e para muitos a mais divertida – a entrar num servidor particular para poder jogar.
Pra quem não entende japonês e não quer pagar os olhos da cara no UMD importado, há duas vias possíveis graças ao esforço dos bucaneiros. Há uma rom traduzida para o inglês que pode ser jogada tanto no PSP quanto no PS Vita, desde que os consoles naveguem em águas internacionais, se é que você me entende.
Recomendo
Com nota 36 de 40 pontos possíveis pela Famitsu, essa pérola merece uma conferida, tanto pelo visual deslumbrante e rico como pelo gameplay. E caso você goste, vale muito também conferir Grand Kingdom no Vita ou PS4, embora eles difiram um pouco na jogabilidade e não tenham a preciosidade gráfica da Vanillaware a seu dispor, mas é também um jogo muito divertido. Abraços de paz e até a próxima.
Ps: Uma pílula de curiosidade: ambos os jogos tiveram o mesmo diretor, o sr. Tomohiko Deguchi. Não é nada demais, mas eu quis citar.
Sobre o autor
Menino do TI que mora numa pequena vila do interior de Minas, escreve de vez em quando no bloguinho Questownando. Silézio queria uma aeronave de Final Fantasy para passear e é apaixonado pela série Persona e RPGs táticos. Fã de Gran Turismo, Street Fighter, Dragon’s Dogma e do Yoshi, ocasionalmente busca iluminação nas obras de Yoko Taro.
Blog: Questownando | Twitter: @silezioluiz
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