SaGa: Scarlet Grace – Ambitions | Um RPG único que não é para todos


Lançado originalmente para PlayStation Vita em 2016, SaGa: Scarlet Grace é o décimo-segundo jogo da franquia SaGa da Square Enix. Esse ano, o título retornou um pouco mais ambicioso com a versão atualizada Ambitions para PlayStation 4, Nintendo Switch, PC, Android e iOS.

Logotipo de SaGa Scarlet Grace: Ambitions

Confesso que até hoje nunca havia me interessado tanto nos títulos da franquia, pois sempre me pareceram o equivalente a “JRPGs hardcore” para fãs ávidos do gênero, o que não é o meu caso. Jogando SaGa: Scarlet Grace – Ambitions, é possível notar o DNA geral de sua família de jogos e essa energia implacável que permeia RPGs mais antigos.

Apesar desse sentimento de “velha guarda”, o game deixa bem claro seus elementos que o distinguem dos demais jogos do gênero. A introdução apresenta um questionário que determinará com qual dos quatro protagonistas disponíveis o jogador irá se aventurar.

Screenshot de SaGa: Scarlet Grace - Ambitions

Cada protagonista oferece uma experiência diferente. A jornada da princesa Urpina é a mais simples para iniciantes, começando de forma bem semelhante a JRPGs tradicionais e incluindo grande liberdade de exploração pelo mundo.

A rota do fazendeiro Leonard dá uma foco ainda maior à navegação pelo mapa, o que é totalmente o contrário do cenário do executor Belmant. Finalmente, a oleira Taria tem uma experiência parecida com a de Urpina, mas seus talentos focados em magia a tornam um tanto mais difícil de controlar.

O jogador pode muito bem optar por simplesmente escolher jogar com qualquer um dos protagonistas sem depender do quiz, mas nesse caso ele estará abrindo mão de bônus oferecidos dependendo das respostas para algumas das questões.

Com seu protagonista escolhido, é hora de partir para a aventura. Jogadores procurando por um desafio podem ficar felizes, já que o jogo não pega leve nem mesmo nas primeiras batalhas e também não se preocupa em explicar cada detalhe sobre seus sistemas através de tutoriais. Ao invés disso, essas informações se escondem no menu e sua leitura e compreensão é muito útil para obter vantagem nos combates.

Jogadores mais casuais ou que simplesmente não estão acostumados a se dedicar tanto a um jogo do gênero podem ser pegos de surpresa pelo nível de dificuldade. Assim, é fácil acabar não notando inicialmente a necessidade de grinding (enfrentar inimigos repetidamente para subir de nível), melhorar equipamentos com ferreiros e equipar diferentes armas e “Roles” para efeitos bônus.

Em adição, aqueles que não são fluentes em inglês também podem acabar perdidos ambos na história e na jogabilidade, já que o título não foi localizado para português brasileiro. Infelizmente, isso ainda é comum entre jogos de nicho como este.

Screenshot de SaGa: Scarlet Grace - Ambitions

A navegação pelo mapa é o mais simples que se pode esperar de um RPG, com o modelo 3D de sua personagem caminhando sobre ilustrações 2D, incluindo edifícios e monstros exibidos como imagens destacadas. Ao adentrar um local, o jogo adota um estilo “visual novel”, onde caixas de diálogos e personagens assumem o foco.

Talvez esse tipo de exploração tenha sido a melhor solução encontrada para um título com um orçamento presumivelmente não tão alto, originalmente feito para um console portátil e desenvolvido no motor de jogos Unity, que não é tão avançado quanto uma Unreal Engine, por exemplo.

De qualquer forma, pode ser um tanto decepcionante não ver os modelos de outros personagens fora de diálogos ou batalhas e nem poder explorar cidades, florestas e outras áreas tão a fundo.

Screenshot de SaGa: Scarlet Grace - Ambitions

Apesar desses aspectos simplórios na exploração, o elemento de maior destaque em SaGa: Scarlet Grace, além da história, é o sistema de batalha que consegue ser divertido e desafiador. Como esperado de um JRPG, o jogador assume o controle de um grupo de personagens e enfrenta inimigos em turnos.

Ao invés dos membros do grupo agirem imediatamente após receberem um comando, todas as ações devem ser selecionadas em um turno. Cada ataque custa um número de estrelas diferentes e, a cada rodada, o jogador recebe mais para gastar. Assim, saber exatamente quais técnicas serão utilizadas torna-se um elemento importante na estratégia.

Cada ataque possui uma animação interessante e personagens podem aprender novas habilidades em meio à batalha, o que sempre vem como uma bela surpresa e adição às estratégias possíveis.

Screenshot de SaGa: Scarlet Grace - Ambitions

Continuando com o que há de positivo no jogo, uma trilha sonora de qualidade também se torna presente, fazendo jus à temática e ambientação. No geral, as músicas fazem o seu trabalho, mas não se destacam tanto como especiais ou sequer muitos memoráveis.

A interface de usuário é simples o bastante e tende a não ficar no caminho, sendo fácil de navegar. Dito isso, assim como a trilha sonora mencionada no parágrafo anterior, ela apenas se prova útil e não se preocupa com uma aparência bonita, criativa ou diferente.


SaGa: Scarlet Grace certamente não é um jogo para pessoas novatas ao gênero de RPGs japoneses, mas sim para aquelas mais familiarizadas e cansadas de velhas fórmulas, dispostas a enfrentar novos desafios. Infelizmente, essa aproximação mais “direta” também significa a simplificação de algumas partes que poderiam ser mais divertidas.

Apesar de tudo, jogadores também levarão consigo uma boa história que se divide entre diferentes rotas, incentivando o retorno para presenciar acontecimentos diferentes.

Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Análise produzida a partir de uma cópia digital cedida pela Square Enix

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Minato

Aspirante a escritor e jornalista. Minato é um amante de jogos, cinema, seriados, histórias em quadrinhos, música e tudo relacionado ao Japão. É uma fábrica de ideias que está sempre produzindo cada vez mais, apesar de não colocar nem metade em prática. Seus jogos favoritos são Persona 3, Okami, Steambot Chronicles, Shin Megami Tensei: Nocturne, Portal 2 e a série Kingdom Hearts.