O ano é 1997. Um RPG de ação desenvolvido pela Matrix Software – responsável pelo desenvolvimento de jogos como Final Fantasy IV (DS) – é lançado e um jovem garoto de 7 anos, que não entende uma palavra de inglês, recebe o jogo para Playstation 1. Mal sabia ele que o jogo lhe roubaria muitas horas de sono e causaria muitas frustrações, mas também traria muita diversão. O #DensetsuIndica de hoje traz Alundra!
Alundra foi um jogo que joguei com meu irmão mais velho. Tentamos terminar por muito tempo (diria que até anos!) e sempre sentimos aquela frustração por nunca ter conseguido finalizar. Como entendíamos pouco inglês e quase não havia informação sobre o jogo naquela época, acabávamos desistindo no último castelo devido a algum puzzle que não sabíamos resolver. Foi somente em 2009 que eu resolvi dar um fim a essa frustração e, com um inglês mais apurado, consegui finalizar o jogo.
Muitos consideram Alundra uma continuação do jogo Landstalker para Mega-Drive por ter uma jogabilidade bastante similar e seus protagonistas serem muito parecidos. Jogadores mais antigos que tiveram contato com Landstalker com certeza se sentirão em casa e irão notar boas semelhanças entre os jogos, com a vantagem de ter recebido melhorias em vários pontos, como jogabilidade e interface.
Falando em jogabilidade, para fãs da franquia The Legend of Zelda o jogo é um prato cheio. As batalhas são em tempo real e o jogo possui uma gama honesta de monstros, com estratégias diferentes para derrotá-los. Utiliza relíquias (pergaminhos, anéis) e melhorias de equipamentos (armaduras, botas) para dar acesso a outras partes do mapa, que sem eles não seria possível avançar no jogo. Possui até mesmo uma espada lendária que só poderá ser adquirida sob certas circunstâncias.
Os puzzles são a maior dificuldade de Alundra. São complexos e muitas vezes a resolução não se dá em apenas uma sala, mas sim em um agregado de puzzles que servem para resolver um outro maior. É de quebrar a cabeça mesmo. Além disso, a maneira como foi desenvolvida a percepção 3D do jogo faz com que o sistema de plataformas e pulos precisos se torne um pouco confuso: muitas vezes não sabemos onde o protagonista irá cair e ficamos com vontade de jogar o controle pela janela.
Além de ser o nome do jogo, Alundra é também o nome do protagonista: um elfo do clã Elna, conhecidos como Dreamwalkers, ou seja, “Errantes do sonhos”. Como se fosse um Freddy Krueger, mas bonzinho. Em seus sonhos, Alundra sofre com visões de um homem com capa chamado Lars que acredita que o nosso herói é o salvador e suplica para que ele vá até a vila de Inoa.
A história começa em um barco que acaba naufragando, deixando todos os tripulantes mortos. Alundra consegue sobreviver, mas surge desacordado na praia da vila de Inoa, onde é resgatado por Jess, um simpático ferreiro. Infelizmente, Inoa é amaldiçoada por um mal que faz com que seus moradores caiam em um pesadelo sem fim, levando muitos a óbito. Ao saber disso, Alundra se propõe a ajudar e acaba descobrindo seus poderes de entrar em sonhos para erradicar o mal.
Nem tudo são flores e muitos dos moradores e amigos de Alundra não conseguem sobreviver, fazendo o jogador pensar se realmente existe salvação. A trilha sonora do jogo consegue retratar muito bem esses momentos e nos faz sentir o pesar de cada nota nas situações tristes. Conforme o jogo avança, os cenários vão ficando cada vez mais sombrios e a música acompanha com notas mais pesadas e graves. Um exemplo disso é a música Requiem:
Com relação ao vilão, quem está por trás de toda essa crueldade é Melzas, que se auto intitula um deus. Com a ajuda do padre de Inoa, Melzas engana a população fazendo com que todos acreditem que ele é um deus bom, ganhando, assim, cada vez mais força.
Se junte a aliados e liberte a população de Inoa desse terrível pesadelo!
Além dos já mencionados, existem outros personagens importantes que merecem ser citados. Conheça alguns deles:
Meia:
Assim como Alundra, Meia também é do clã Elna. Possui um temperamento forte e é muito confiante, por conta disso trata as pessoas como se fossem seres inferiores a ela. Extremamente inteligente, dominou a habilidade de andar pelos sonhos sozinha. Por trás de seu jeito confiante se esconde um passado triste.
Jess:
Com um jeito brincalhão e amigo de todos da cidade, esse simpático ferreiro é o responsável por resgatar Alundra na praia. Jess trata Alundra como se fosse um filho. Sua esposa e filha morreram em um acidente muitos anos antes do jogo, desde então Jess vive sozinho.
Septimus:
Septimus é o sábio da cidade. Veio até Inoa para estudar e tentar resolver os terríveis pesadelos que os moradores da cidade estão sofrendo, mas não obteve sucesso. Bastante confiante e teimoso em relação ao seus conhecimentos e ideais, sempre entra em conflito com as ideias de Meia.
“All these damn books, all my years of study, and I can’t free Wendell from his nightmare! I’m not a scholar…I’m a fool.“
Melzas:
Melzas caiu na Terra vindo de um meteoro. Aprendeu sobre os deuses que os humanos adoram e o poder que eles possuem. Decidido a se tornar tão forte quanto, Melzas consegue colocar sua imagem para adoração e cria alguns seguidores. O limite de seus poderes é imensurável, sendo capaz de dobrar o espaço e até mesmo o tempo.
“I am Melzas, ruler of this wretched land. Those foolish enough to dabble in the affairs of my subjects shall pay the ultimate price…“—Melzas
Com uma história envolvente, personagens cativantes e uma trilha sonora incrível, Alundra é um título que merece destaque entre os fãs de JRPGs. Você já jogou e ficou preso em algum puzzle como eu fiquei na infância? Já conseguiu finalizar o jogo? Caso ainda não tenha jogado Alundra, não deixe de dar uma conferida, pois com certeza irá lhe render boas horas de diversão. E não esqueça de contar pra gente sua experiência! 😉