Meus 5 joguinhos favoritos para relaxar com um cafézinho | 『kodawari』

Pode jogar tomando um cházinho também!


Estou escrevendo esse textinho enquanto tomo uma xícara de chocolate quente e deixo o ventinho frio de um dia chuvoso entrar pela janela. Contudo, hoje vou dar dicas de jogos que caem bem com qualquer bebidinha aconchegante que você goste.

Porém, antes de mais nada eu gostaria de explicar que tipo de texto é esse, já que vários outros virão no mesmo modelo. Essa é a minha primeiríssima coluna na Densetsu! ~aplausos e latidos~ e eu, apelidado Pips, serei o autor de diversos textos autorais aqui na coluna 『kodawari』!

“Kodawari” é, basicamente, um conceito japonês que se refere à uma atenção obsessiva aos detalhes, refletindo um compromisso meticuloso com a qualidade. Definições positivas e negativas desse termo existem, mas escolhi essa palavra para nomear a coluna por conta de me identificar com essa maneira de ver as coisas, especialmente jogos.

Enquanto a maior parte dos jogadores aprecia mecânicas refinadas ou gráficos de última geração, o que sempre me chama atenção em jogos é outra coisa: a sensação que a obra transmite quando estou com o controle na mão. Tenho certeza que você consegue pensar em pelo menos um jogo que gosta muito mas não sabe bem explicar o motivo. É exatamente essa a sensação.

Por fim, isso não significa que essa coluna será uma exposição de elogios para jogos que eu amo aparentemente sem motivo. Kodawari também envolve analisar os mínimos detalhes de algo, e esse algo pode ser a própria indústria de jogos japoneses. Assim, de vez em quando trataremos de assuntos mais “sérios” por aqui.

Espero que goste do conteúdo e contribua com a discussão quando puder. Agora vamos ao primeiro texto da coluna!

Atelier Sophie: The Alchemist of the Mysterious Book (2015)

[PS3, PS4, PSV, PC, Switch]

Quem me conhece não ficará surpreso com um Atelier nessa lista. Apesar das minhas ressalvas com a série nos últimos anos, vou deixar meus comentários ácidos de fora para focar no lado bom das coisas. Afinal, foi exatamente assim que conheci a franquia, num dia chuvoso, tomando uma xícara de cappuccino.

Recomendo a série inteira praticamente, mas resolvi indicar especificamente Sophie por considerá-lo o jogo mais fácil e com os personagens mais adoráveis. Meus dias em “Kirchen Bell”, a pequena cidade onde o game se passa, foram cheios de boas memórias, com uma imersão muito gostosa.

Diferente de alguns jogos da franquia, este praticamente não tem urgência alguma na conclusão dos objetivos e não pune o jogador por desviar suas atividades da história principal. Assim, abri-lo todas as tardes era como viajar para mim, eu deixava minha própria cidade e ia passar uns dias em Kirchen Bell com meus amigos, preparando itens via alquimia para ajudar a todos.

Se você busca uma experiência tranquila, sem muitos desafios e com uma trilha sonora incrivelmente relaxante, Atelier Sophie é uma ótima pedida para acompanhar seu cafézinho.

Nekopara (2014 – 2020)

[PC, Switch, PS4]

Eu sei, eu sei… Será que eu posso me explicar antes de levar pedradas por colocar um jogo adulto aqui? Por favorzinho?

Assim como com Atelier, jogos japoneses em geral jamais se livram de controvérsias, então a postura que adotei nesse texto é a de ver apenas o lado bom das coisas. Nekopara é sim um jogo adulto, com versões que incluem censura para quem prefere focar mais nos outros aspectos da visual novel.

Foi justamente com a versão censurada que tive meu primeiro contato, especificamente a de PC. Talvez isso tenha ajudado a ter tanto carinho pela série, mas vamos ao que interessa: esse jogo tem uma atmosfera constante de amor.

Não amor conjugal exclusivamente, mas de carinho por amigos e família também. A história do protagonista com as personagens é cheia de momentos de aquecer o coração, especialmente por eu ter jogado a maioria dos títulos durante uma época bem solitária da minha vida.

Os games são divididos em vários capítulos curtos que podem ser aproveitados em sessões de jogo que raramente passam de 30 minutos, algo perfeito para uma pequena pausa para relaxar. A sensação de pertencer a uma família e ser responsável por pessoas mais novas que você é muito agradável.

A versão censurada de Nekopara faz dele um mero jogo sensual, que na verdade é bem menos agressivo do que a internet barulhenta faz parecer. O jogo perderia algo sem esse aspecto? Com certeza não (ouso dizer que seria um jogo melhor), mas, apesar dos pesares, seus pontos positivos pesam o bastante para render uma recomendação aqui.

Sumire (2021)

[PC, Switch, iOS, Android]

Minha experiência com esse jogo foi atípica… Eu tenho o hábito de me dedicar exclusivamente a um ou dois jogos por vez. Normalmente um deles é narrativamente denso, que costuma ser minha preferência em geral; enquanto o segundo jogo é algo mais casual, como um gacha. Sumire foi curiosamente um terceiro jogo simultâneo.

Acontece que, apesar de amar a arte do game desde seu anúncio, a temática que envolvia morte de um parente e outros temas pesados como ansiedade e depressão me afastaram um pouco. Eu gosto de histórias tristes, mas o roteiro de Sumire conversava demais com minha vida, então talvez fosse algum tipo de gatilho.

Dessa forma, joguei o game devagar, ao mesmo tempo que conciliava meu tempo de lazer entre Shin Megami Tensei V, Love Live All Stars e ele. A ideia era estar desconectado o bastante do enredo de Sumire a ponto de não ser afetado negativamente por ele. Não funcionou.

Contudo, vamos com calma… Apesar da obra ter me dado sentimentos ruins em alguns momentos, inclusive comigo cogitando abandonar o jogo, da primeira metade em diante o título começou a curar os ferimentos que ele mesmo abriu em mim. A qualidade da escrita é tão impressionante que nos dias de hoje ouço coisas na psicoterapia que eu já ouvi antes, em Sumire.

Se você já perdeu algum parente importante ou teme a perda de algum deles, esse jogo pode ser exatamente o que você precisa, desde que não se importe em regar as primeiras xícaras com lágrimas. Nem todo jogo precisa ser leve para nos fazer bem.

Flowers (2014 – 2017)

[PC, PSV, PS4, Switch]

Mais uma visual novel na lista, dessa vez uma mais tradicional que envolve romance. Se você gosta de ler uma boa história de amor num dia chuvoso tomando uma bebida quente, não tenho nenhuma recomendação melhor do que a série Flowers.

Apesar de ter um manjado ambiente escolar em seu enredo, as personagens da franquia brilham muito além do clichê. Uma crítica que sempre tive com visual novel é o fato da maioria das histórias serem muito previsíveis, com personagens unidimensionais que têm seu arquétipo (muitas vezes algum “dere”) acima de suas personalidades. Flowers sempre foi uma exceção.

Contando a história de três casais possíveis ao longo de quatro volumes de duração razoável, a série é a primeira obra japonesa romântica dos games que teve a coragem de mostrar o desenvolvimento de um relacionamento de maneira realista.

Flowers não é um conto de fadas, suas personagens não são perfeitas (muito longe disso) e não há vilãs e mocinhas claramente definidas. Todas as personagens buscam o amor de maneiras diferentes, com seus próprios métodos e motivos.

Além da escrita, a arte e dublagem do jogo são impecáveis e com certeza Flowers será uma história que ficará com você para sempre. Recomendo jogar cada um dos volumes em sua estação do ano correspondente na vida real, isso dará uma imersão muito interessante ao jogar.

PriPara All Idol Perfect Stage (2018)

[Switch]

Essa última recomendação é especial, já que tem sido um jogo que me ajuda bastante a aprender japonês e relaxar ao mesmo tempo! Já que é algo que conheci recentemente, farei um pequeno relato de como cheguei especificamente nele.

O principal motivo que estudo japonês hoje em dia é não apenas para jogar coisas antes do lançamento ocidental com tranquilidade, mas também por ser muito fã da franquia de idols Love Live. Essa apreciação por idols japonesas me fez consumir produtos similares nos últimos anos e a obra principal que me cativou foi PriPara (especificamente o anime).

Com o tempo, soube que existiam jogos de ritmo ambientados nesse universo e joguei alguns do 3DS. Contudo, recentemente soube de All Idol Perfect Stage e vi alguns vídeos que mostravam algo que sinto muita falta de décadas atrás: jogos de vestir idols. Acontece que o game mistura tanto a jogabilidade de ritmo quanto essa funcionalidade de ser praticamente um figurinista de idols.

No ponto que estou nos meus estudos, kanji é o maior obstáculo e foi assim que PriPara me conquistou. O jogo tem crianças e pré-adolescentes como público alvo, portanto, furigana, que é quando disponibilizam a escrita de um kanji em kana acima do ideogramam é bem comum no game.

Dessa forma, Perfect Stage tem me ajudado a fazer várias coisas que gosto ao mesmo tempo: praticar minha leitura e oralidade de japonês, vestir idols fofinhas e ouvir músicas que eu adoro. Em dias que não estou disposto a enfiar a cara nos livros para estudar, jogar PriPara me deixa menos culpado por estar praticando meu japonês então é uma grande recomendação!


Bem, esses são os 5 jogos que mais indico para quem quer tomar um cafézinho ou qualquer bebida quentinha enquanto joga. Recomendo principalmente fazer isso em dias frios ou chuvosos e espero que cada um deles aqueça seu coraçãozinho como aqueceram o meu.

Caso queira ainda mais recomendações de jogos do tipo, recomendo muito um texto mais antigo da nossa querida Mio, indicando jogos para relaxar antes de dormir!

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Ayana

Estudante de Letras - Japonês na Cruzeiro do Sul; formado em paleografia na oficina Sérgio Buarque de Holanda e em design pela Saga. Prefere jogos narrativos, RPGs ou de ritmo. Atualmente passa horas jogando indies e RPGs no Switch ou sustentando seu vício em gachas de celular. Tem como franquias favoritas Fire Emblem, Pokémon, Persona e Final Fantasy. Enciclopédia humana de Love Live e garota mágica nas horas vagas.