A franquia Metal Gear não anda lá muito bem das pernas desde que a Konami e o diretor e criador da série, Hideo Kojima, tiveram suas desavenças. Como esperado, Metal Gear Survive, o primeiro título da franquia desde a demissão de Kojima, foi mal recebido pela maior parte dos fãs, chegando tarde demais a uma moda de jogos de sobrevivência e zumbis que atualmente já está desgastada, e que nem combina tanto com o estilo da franquia de espionagem tática.
Apesar disso, Metal Gear Survive não foi o primeiro grande Metal Gear a fugir de seu gênero e estilo original, esse título vai para Metal Gear Rising: Revengeance. No entanto, enquanto Survive falhou em se tornar uma boa spin-off dos jogos de Kojima, Rising conseguiu ser isso e muito mais. No #DensetsuIndica de hoje, vamos dar uma olhada nesse título maravilhoso e insano protagonizado pelo ninja ciborgue Raiden.
Lançado em 2013 para PlayStation 3 e Xbox 360, chegando no ano seguinte para PC, Metal Gear Rising: Revengeance foi desenvolvido pelo criativo estúdio PlatinumGames, responsável por outros títulos de ação frenética e desenfreada como Bayonetta e, mais recentemente, o aclamado NieR: Automata.
O jogo se passa em 2018, quatro anos após os eventos de Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, o que o torna cronologicamente o último jogo da série. Nós seguimos a história de Raiden, o protagonista de Metal Gear Solid 2, e seus colegas da empresa militar privada Maverick — Boris, Kevin, Courtney e Doktor.
Após um atentado da organização criminosa Desperado na Africa do Sul, resultando na morte do primeiro-ministro N’mani, Raiden e seus colegas recebem a missão de pôr um fim às atividades desses terroristas ciborgues com grandes conexões à alta cúpula do governo norte-americano.
Sendo uma continuação da história da série, o jogo toca em elementos recorrentes sobre diversos temas sociais como guerra, terrorismo, política, avanço tecnológico e mais. Sempre mantendo seus pés na realidade, até de forma assustadora em certas partes onde ele toca em assuntos tão relevantes hoje quanto na época em que ele foi lançado. Prepare-se para diálogos extensos, principalmente no icônico Codec que retorna mais uma vez, onde você provavelmente vai acabar aprendendo muitas coisas interessantes sobre o mundo real, e como os eventos de Metal Gear Solid 4 afetaram o mundo da série.
Desta vez, o estilo furtivo popularizado pela franquia dá lugar à ação literalmente “hack-and-slash”, com jogadores podendo executar poderosos ataques com a katana de alta-frequência capaz de cortar tudo — cenário e inimigos — em milhares de pedacinhos.
Não é à toa que a frase principal que a Konami e a PlatinumGames usaram para promover o título foi “cut what you will” (“corte o que quiser”). Isso é especialmente satisfatório com o ataque especial conhecido como “Zandatsu”, onde o jogo, em câmera lenta, permite que você corte seu adversário repetidamente de vários ângulos, e retire sua espinha dorsal para recuperar a energia e vida de Raiden. O jogo faz um excelente trabalho em fazer jogadores se sentirem como literalmente uma máquina de matar.
Diferente de alguns jogos desse gênero, onde às vezes podem dar a impressão que é necessário somente um botão de ataque para avançar tranquilamente pelo jogo, não se engane: Metal Gear Rising: Revengeance irá garantir que jogadores “preguiçosos” sejam devidamente punidos. O jogo não pega leve. Hell, uma das primeiras coisas que o jogo faz é te colocar contra um Metal Gear gigantesco, sozinho, sem aviso prévio. É um daqueles jogos onde você provavelmente vai querer passar pelo tutorial antes para aprender algumas coisinhas.
Talvez a coisa mais importante para que você passe o jogo sem querer arrancar seus cabelos ou sentir vontade de jogar seu controle na parede, é aprender a bloquear e contra-atacar ataques. Acredite, você vai querer mestrar essa habilidade de “aparar” (parry) e provavelmente é impossível passar de certos chefões sem aprender isso (ou pelo menos para mim foi em minha primeira jogatina).
Revengeance conta com várias armas, corpos e melhorias que podem ser comprados com pontos (BP) adquiridos em capítulos e desafios que podem se provar bem complicados. Além disso, itens colecionáveis espalhados pelo mapa e braços de inimigos coletados irão desbloquear coisas na galeria do jogo, incluindo arte conceitual de personagens.
Quando terminar a história com Raiden, ficará feliz em saber que é possível continuar jogando com mais conteúdo de história através das DLCs gratuitas do cachorro robô Blade Wolf e do samurai brasileiro Jetstream Sam, onde é possível descobrir mais sobre o passado desses dois personagens interessantes que você conhece na história principal.
Como não poderia deixar de ser com um jogo da PlatinumGames, o jogo também conta com uma trilha sonoro incrível que só contribui para deixar batalhas contra chefões ainda mais épicas. Em especial, a faixa “Rules of Nature” toca múltiplas vezes ao decorrer do jogo e ela provavelmente ficará presa em sua cabeça por um tempo.
Metal Gear Rising: Revengeance veio e deixou fãs com vontade de mais. Se a Konami pretende mesmo continuar a franquia sem Kojima, uma sequência de Rising provavelmente seria algo mais interessante que relançamentos da série em máquinas de pachinko e… bem, o fiasco que foi Metal Gear Survive. Mas estamos falando da Konami atualmente, e ela é… complicada, digamos.
Ficamos aqui na torcida para que tenhamos um relançamento desse título maravilhoso para consoles da geração atual, e talvez até uma sequência.