Lançado em 2006, Pokémon Diamond e Pearl marcaram o início da quarta geração dos populares monstrinhos de bolso. Agora, mais de 15 anos depois, a franquia está nos levando de volta à região de Sinnoh para revê-la através das lentes da geração atual e, também, visitar o seu distante e misterioso passado de um jeito inovador
Enquanto os recém lançados remakes Brilliant Diamond e Shining Pearl atualizam os jogos de 2006, o eminente Legends: Arceus busca fugir da fórmula em um cenário ambos familiar e inédito. Como fãs da franquia já notaram pelos trailers do novo jogo, parece que a série está, finalmente, fugindo um pouco de sua fórmula tradicional para criar uma experiência sem precedentes no mundo Pokémon.
Ainda assim, apesar dos títulos principais da franquia no geral sempre terem seguido certos moldes estabelecidos desde seus primórdios, é injusto dizer que não houveram novidades pelo caminho. De uma forma ou outra, cada geração deixou sua marca na série com mecânicas inovadoras, mesmo que mais tarde, em jogos subsequentes, fossem descartadas em favor de outros elementos.
Neste artigo, vamos conhecer um pouco do que a franquia trouxe após sua primeira visita a Sinnoh!
5ª Geração: Boas Novas em Unova
Começando em 2011 com os jogos Pokémon Black e White no Nintendo DS, a quinta geração da franquia, como de costume, introduziu uma variedade de novos monstrinhos e a inexplorada região de Unova. Alguns fãs puderam ver essa era como um tipo de reinício da série, com um cenário inspirado por Nova York, pela primeira vez se baseando em um local fora do Japão.
Como novidades à jogabilidade, os títulos trouxeram novos modos de combate, como as batalhas triplas que permitem aos treinadores se enfrentarem com três Pokémon ao mesmo tempo. Esses confrontos se tornaram ainda mais empolgantes, graças a uma câmera com movimentos dinâmicos e efeitos especiais bem animados.
Tal como nos jogos da geração anterior, Black e White também trouxeram batalhas e trocas online, algo que já havia se tornado uma mecânica indispensável. Os sistemas de rede foram aprimorados para tornar a experiência ainda mais fácil a partir dos vários “Pokémon Centers” espalhados pela região.
Após o lançamento dos dois títulos iniciais, fãs, naturalmente, esperaram pelo anúncio da inevitável terceira versão, como já era tradição desde a primeira geração. Entretanto, surpreendentemente, o estúdio Game Freak pretendia dar continuidade às aventuras em Unova de um jeito diferente desta vez.
Contrário ao que fãs esperavam, a quinta geração ganhou uma sequência direta também dividida em duas versões: Pokémon Black 2 e White 2. Além de uma história inédita, a continuação trouxe adições à jogabilidade, incluindo recursos de exploração para a “Pokédex”, novos locais, e mais.
A maior das novidades foi, sem dúvidas, o torneio de batalhas “Pokémon World Tournament”, que trouxe um desafio maior para jogadores após a conclusão do game. A competição incluía entre seus participantes líderes de ginásio e campeões de gerações passadas.
6ª Geração: Uma Nova Dimensão
Chegando um pouco atrasada para a era do Nintendo 3DS, a sexta geração da franquia teve início com Pokémon X e Y em 2013. A principal novidade dos jogos, que desta vez se passavam em Kalos — uma região inspirada pela França –, se tornou imediatamente clara: adeus sprites 2D, olá modelos 3D.
Finalmente, a série fez a transição definitiva para a terceira dimensão com seus 72 novos monstrinhos de bolso. Entre essas novas criaturas, se destacava um novo tipo de Pokémon, “Fada” e a segunda maior novidade da geração: as controversas “Mega Evoluções”, que querendo ou não adicionaram uma camada extra às batalhas com formas mais poderosas de criaturas do passado.
Outra adição à jogabilidade que também, com certeza, viria para ficar foi a opção de customização do personagem principal. Apesar dessa primeira versão da mecânica na série principal manter as coisas um tanto simples, fãs a receberam bem, ao lado de outras novidades que contribuíram para tornar a nova jornada Pokémon mais proveitosa.
Mais uma vez, a nova geração quebrou a tradição da terceira versão dos jogos iniciais, mas, diferente de Black e White, também não ganhou uma sequência. Ao invés disso, em 2014, a Pokémon Company decidiu simplesmente seguir em frente com os remakes dos títulos de 2003 do Game Boy Advance, Ruby e Sapphire.
Tal como as releituras anteriores, Pokémon Omega Ruby e Alpha Shappire atualizaram os jogos antigos com gráficos modernos. O objetivo foi recriar a experiência da terceira geração da franquia para ambos uma nova audiência e fãs de longa data, o que resultou na remoção de algumas das adições introduzidas por X e Y.
Adicionalmente, elementos de Emerald também ganharam presença nos remakes através do “Episode Delta”, uma história adicional que se torna disponível após a conclusão da jornada. Ademais, a “Battle Frontier”, um local com desafios aguardando treinadores campeões, também retornou, desta vez remodelada como o “Battle Resort”.
7ª Geração: Aloha, Alola!
Não seria errado dizer que a sétima geração de Pokémon foi uma das que mais evoluíram a série, com seus primeiros jogos, Sun e Moon, levando o 3DS ao seu limite em 2016. Além de gráficos avançados, como de praxe, os títulos foram os primeiros a mexer significantemente com a fórmula dos títulos principais ao remover um de seus aspectos mais memoráveis: os ginásios.
Claro, a história ainda era sobre um jovem treinador(a) partindo em uma jornada Pokémon, mas desta vez a aventura se desenrolaria de uma forma diferente. Se passando no arquipélago de Alola, uma região inspirada pelo Havaí, jogadores desta vez deveriam explorar quatro ilhas e completar uma série de batalhas desafiadoras contra os chefes Kahunas, que assumem o lugar dos líderes de ginásio.
Além de vários monstrinhos inéditos, alguns antigos retornaram como variantes apropriadas para o cenário tropical. Assim nasceu a ideia das formas regionais de Pokémon conhecidos, que possuem não apenas uma nova aparência, mas também novas categorias e habilidades.
As batalhas também viram algumas novidades adicionadas. Certamente, o maior destaque foram as “Z-Moves”, novas e poderosas habilidades que Pokémon podem utilizar uma vez a cada luta, com cada tipo de monstrinho tendo suas próprias técnicas. Outras adições vieram na exploração, que desta vez dispensa o uso de “Hidden Machines” (HMs) em favor de monstrinhos invocáveis.
Misturando um pouco a tradição do terceiro título com a ideia de dois jogos adicionais, como na época da quinta geração, Sun e Moon foram sucedidos por Ultra Sun e Ultra Moon. Ao invés de ser uma continuação da história, no entanto, esses novos games simplesmente atualizam os anteriores com algumas adições ao enredo e ajustes à jogabilidade, para a alegria dos fãs.
Com o lançamento do Switch em 2017, a Nintendo começou a dar cada vez menos atenção ao 3DS com o passar dos anos. Logo se tornou claro que os próximos jogos desenvolvidos pela Game Freak adotariam a nova plataforma como nova casa, significando que a série, pela primeira vez desde seu nascimento, passaria a ser lançada em um console doméstico, ao invés de um portátil.
Assim, em 2018, Let’s Go, Pikachu! e Let’s Go, Eevee! finalmente foram lançados para Switch, dois títulos muito inspirados pelo antigo Pokémon Yellow do Game Boy. Trazendo de volta a icônica região de Kanto da primeira geração, o título serviu primariamente como uma porta de entrada para aqueles que só vieram a conhecer a franquia com o popular jogo mobile Pokémon Go.
Dado esse foco em novos jogadores, o par de jogos deixou de lado algumas mecânicas da série, o que contribuiu para que se parecesse mais como uma espécie de spin-off. Tal como em Pokémon Go, monstrinhos selvagens não precisariam mais ser enfrentados em batalha, ao invés disso podendo ser capturados imediatamente pelo treinador. Jogadores também poderiam importar suas criaturas capturadas no título mobile para o Switch, contanto que fossem da primeira geração da franquia.
Certamente, estes não eram os jogos que fãs de longa data esperavam ver quando foi anunciado que a franquia estaria se mudando para o console híbrido da Nintendo. Ainda assim, o título cumpriu seu objetivo e a desenvolvedora assegurou que os “verdadeiros” próximos games principais ainda estavam por vir.
8ª Geração: A Controversa e Galante Galar
Desta vez foi pra valer e, com Pokémon Sword e Shield chegando ao Nintendo Switch em 2019, a série finalmente deu início à sua oitava geração com um grandioso par de jogos. Entretanto, infelizmente, os novos títulos acabariam sendo marcados por controvérsias e críticas severas desde o seu anúncio.
Além de decepção em relação à qualidade dos gráficos e animações de Pokémon, fãs expressaram frustração sobre o fato dos jogos não incluírem vários monstrinhos anteriores. Como de costume, a nova geração introduziu criaturas inéditas, mas deixou de fora várias figuras populares que alguns gostariam muito de rever. Ainda assim, alguns ainda poderiam ser transferidos do 3DS através do novo aplicativo Pokémon Home.
Como novidades para as batalhas, Sword e Shield introduzem as transformações “Dynamax”, no lugar de Mega Evoluções e Z-Moves. Tomando proveito de enormes arenas na nova região de Galar, que se inspira no Reino Unido, a mecânica permite que os monstrinhos assumam uma forma gigantesca e poderosa, digna de uma criatura kaiju.
Outra novidade notável foram as “Wild Areas”, campos abertos habitados por Pokémon selvagens que podem ser vistos vagando pelo cenário, colocando de lado os encontros aleatórios de títulos anteriores. Em certos pontos dessas áreas, jogadores online podem se reunir para formar um grupo e enfrentar certos monstrinhos gigantes no que são essencialmente batalhas de reide.
Finalmente, para completar a nova aventura, duas expansões foram lançadas no lugar de lançamentos adicionais do par de jogos. Ambas The Isle of Armor e The Crown Tundra trouxeram novos locais para serem explorados, alguns Pokémon antigos de cara nova e mais adições apreciadas pelos fãs.
Assim, chegamos ao presente. Se levarmos em conta toda a história da série, é seguro dizer que podemos estar próximos ao fim da oitava geração. Novembro de 2021 viu o lançamento dos remakes Brilliant Diamond e Shining Pearl, enquanto janeiro de 2022 trará Pokémon Legends: Arceus para as prateleiras. Ambos os lançamentos exploram Sinnoh em diferentes pontos no tempo, com o título do ano que vem mostrando o mundo dos monstrinhos de bolso de uma forma que nunca vimos antes.
Desta vez, os remakes da geração não foram desenvolvidos pela Game Freak, mas sim pelo estúdio ILCA. Parece que a empresa focou em garantir que os títulos fossem bem fiéis aos originais, com a principal atualização vindo na questão dos gráficos, que foram completamente repensados com modelos 3D. Entretanto, certos aspectos de Pokémon Platinum acabaram ficando de fora.
Apesar de manter um certo nível de fidelidade aos jogos de 2006, Brilliant Diamond e Shining Pearl não ignoraram algumas adições que vieram ao longo dos últimos anos. O mundo subterrâneo dos títulos originais retorna com uma grande atualização e a customização de personagem também reaparece, apesar de estar um tanto mais simples em comparação às últimas gerações.
Mesmo oferecendo um total de 483 Pokémon, alguns fãs ainda podem achar que os remakes deixam de fora alguns favoritos. Ainda assim, figuras como Shaymin, Rotom e Giratina retornam com suas formas alternativas de Platinum e monstrinhos do tipo “Fada” foram adicionados, alterando um pouco as batalhas.
Enfim, de uma forma ou de outra, cada título e geração de Pokémon acaba surpreendendo fãs com suas mecânicas únicas que podem ou não retornar no futuro. Legends: Arceus trará um novo visual para a série, inspirado pelo Japão feudal, além de sistemas inesperados. Nos resta apenas esperar para ver se a franquia se manterá fresca para agradar sua multidão de fãs.
Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl encontram-se disponíveis mundialmente para Nintendo Switch. O próximo título principal, Pokémon Legends: Arceus chegará no dia 28 de janeiro para o mesmo console.