Animal Crossing não é o primeiro jogo no estilo simulador, muito longe disso. Quando ele surgiu no Nintendo GameCube (Nintendo 64 no Japão) outros jogos como Harvest Moon já estavam com suas franquias muito bem estabelecidas. Mas ele acabou se tornando o mais inovador, o mais criativo e, sem dúvida alguma, o que permite ao jogador o maior tempo de gameplay, uma vez que… ele simplesmente não tem fim. Por isso, é comum ver gente (eu) jogando o Animal Crossing de GameCube até hoje. E sempre tem alguma coisa pra fazer.
De lá pra cá, o jogo (em sua forma original, ignorando spin-offs) passou por mais três plataformas:
– DS, com o limitado Wild World, que obedecia as limitações do portátil, mas é um dos melhores jogos da série, já que a portabilidade acabou se mostrando como essencial para a longevidade do gameplay.
– Wii, com o lindo porém fracassado City Folk. Não dava mais para ficar preso a um console depois de experimentar Animal Crossing em formato portátil.
– E finalmente no 3DS, com New Leaf, a experiência mais completa que combinava um jogo cheio de recursos com a beleza que o portátil pode oferecer.
O Wii U acabou sendo a única plataforma, desde o GameCube, a não receber um jogo da série (mais uma vez, ignorando spin-offs). Isso claramente se deve ao fato de que é difícil se ver preso a um console para jogar Animal Crossing novamente. As baixas vendas do console não foram um fator impeditivo, uma vez que isso não impediu a Nintendo de lançar jogos first-party de alta qualidade para ele e até criasse algumas IPs novas.
O fato é que com Animal Crossing a coisa é diferente. O jogo precisa de cuidado, de atenção, de uma (ou duas, três, quatro) visitas diárias e deixar esse jogo morrer junto com o console seria uma crueldade sem precedentes.
É bem provável que o mesmo jogo que já havia sido iniciado o desenvolvimento no Wii U, agora esteja em um estágio bem avançado no Nintendo Switch. E pode ser que ele seja um daqueles títulos que terá uma janela extremamente curta entre o anúncio e o lançamento, algo que a Nintendo tem feito com muito sucesso no Switch. Por isso, existe sim uma grande possibilidade de Animal Crossing para Switch ser anunciado nesta E3 (junho) e ser lançado ainda este ano (outubro/novembro) para ser um dos grandes títulos de final de ano da empresa.
Mas o que exatamente deveria ser o Animal Crossing para Switch para que ele fosse a versão definitiva de uma série cheia de jogos incríveis?
MUITO MAIS CROSSING
É importante observar que acreditamos que esse jogo já esteja em desenvolvimento desde o Wii U e foi transferido semipronto para o Nintendo Switch. Tudo o que aconteceu desde o lançamento do novo console até agora é resultado de um polimento e adições de controle e uma espécie de “aparamento de arestas”. Por isso, no estilo do jogo esperamos algo que varie entre a beleza de Amiibo Festival e um resultado final ainda mais bonito, colorido e polido que aquilo. Animal Crossing é cheio de vida, de personalidade, de carisma e o Switch pode nos oferecer o jogo mais bonito já visto, extremamente colorido e que, em uma primeira impressão, possa saltar aos olhos.
Mas de nada adianta ser bonitinho e ordinário, então é hora da série absorver TUDO o que já aconteceu nos jogos anteriores e criar uma experiência envolvente e sedutora não apenas para novos jogadores (não é difícil viciar em Animal Crossing) mas também para os fãs calejados que já acumulam milhares de horas de jogo em todas as plataformas que a série já passou. Não que estejamos cansados da forma, porque surpreendentemente é um jogo que dificilmente enjoa, mas sempre há espaço para melhorias que podem deixar um material que já é acima da média ainda mais atraente e interessante.
City Folk trouxe uma verdadeira cidade, uma área urbana para aumentar a pequena vila do jogo e isso foi repetido de forma muito bem sucedida em New Leaf. Agora é hora de expandir o jogo para novos horizontes e criar um ambiente que demore ainda mais tempo para explorar e desenvolver, aumentando substancialmente a vida útil do jogo, que já é bem grande por si só.
Em New Leaf temos sua vila, a área da cidade e uma ilha. No Switch seria bem legal se pudéssemos ter várias ambientações diretamente conectadas umas às outras e algumas ambientações que você precisa viajar para alcançar, como a ilha (pode até ser mais de uma) que você vai de barco, uma ou duas outras áreas de sua cidade acessíveis somente através trem, ônibus ou até táxi (utilizando assim os bells de forma mais intensa) e pequenas divisões da vila que só podem ser acessadas com a construção de pontes, fazendo com que a expansão de seu mundo se dê através de muito trabalho. O mesmo sistema de ilhas de Pocket Camp, por exemplo, mas expandido para o que o Nintendo Switch pode (e deve) fazer.
Pocket Camp é um jogo que infelizmente não tem a mesma vida que os outros jogos têm, mas ele tem muito o que ensinar quando o assunto é revitalizar uma franquia. Ele veio repleto de coisas novas que seriam muito bem vindas no jogo do Switch e que se fossem adicionados ao sistema de evolução da cidade que tanto aprendemos a amar poderia elevar a experiência de Animal Crossing a um novo patamar.
Por exemplo, o sistema de distribuição de ambientes, os novos personagens, as vans (que vieram de New Leaf e ganharam um upgrade em Pocket Camp) e, principalmente, o sistema de coleta de itens e confecção de móveis, roupas e acessórios com tempo para que eles sejam feitos. Com exceção de poder pagar usando dinheiro de verdade para diminuir esse tempo, visto que esse é um recurso válido para um jogo de celular e que jamais deve aparecer em um Animal Crossing de console. No entanto, como Animal Crossing funciona em tempo real, ter que esperar pelas coisas é parte do processo desde o primeiro jogo e Pocket Camp soube muito bem como dosar isso em cada pequeno objeto de decoração.
ANIMAL FRIENDS
Conectividade sempre foi o forte de Animal Crossing. Desde o GameCube, um console que nativamente não possuía qualquer conexão com a internet, era possível trocar itens com amigos através de um complexo sistema de códigos e até visitar a cidade um do outro caso estivessem jogando no mesmo console, cada um utilizando seu memory card com os dados do jogo.
A medida que os consoles foram entrando na rede, isso foi ficando cada vez mais fácil e natural. Uma salva de palmas inclusive para o Wii Speak que permitia um chat de voz em City Folk de dar inveja em qualquer outro jogo de conectividade online (era um acessório, não era nativo, claro. Nintendo e seus acessórios e gambiarras, mas esse era bom de verdade). Coisas eram adicionadas, outras eram retiradas e o sistema de visitas e trocas de itens foi ganhando forma aos poucos, mas ainda faltam alguns recursos que poderiam estar no jogo do Switch.
Além de apenas poder visitar as cidades uns dos outros e trocar itens, seria interessante se na versão de Switch os jogadores pudessem participar de torneios de pesca e capturas de insetos, fósseis e outros colecionáveis, assim como já existem eventos dedicados a isso em New Leaf, por exemplo, mas desta vez em comunidade, competindo com seus amigos ao invés de competir com os moradores de suas vilas.
O app Nintendo Switch Online poderia ainda fornecer uma aplicação exclusiva para o jogo, permitindo que os jogadores tenham acesso às datas dos eventos de sua própria cidade, como também às datas dos eventos dos amigos que estão adicionados em suas listas de contatos. Desta forma, será mais fácil de convidar seus amigos para visitar e participar dos eventos temáticos. Estes poderiam gerar prêmios de grande importância para os jogadores, como troféus para decoração de suas casas, móveis raros e até itens da Nintendo, que normalmente são difíceis de encontrar a não ser por métodos especiais.
Neste sentido, o app também poderia ser útil para que os jogadores pudessem adquirir itens raros e exclusivos apenas através dele, assim como acontece em Splatoon 2, utilizando obviamente os bells (moeda do jogo) para estas aquisições, uma vez que todas as adições e DLCs de Animal Crossing sempre são gratuitas.
Visto que a Nintendo começará a cobrar pelos seus serviços online a partir de setembro/2018, é normal que esperemos mais recursos para seus jogos e uma conectividade maior deste com o app Nintendo Switch Online, que leva o mesmo nome do serviço e terá sua utilização restrita aos que estiverem pagando. Animal Crossing seria um ótimo jogo para fazer uso de todos esses recursos, com um mapa de sua cidade, lista de moradores, uma outra lista com todos os personagens existentes para que você possa registrar seu interesse por eles, uma relação de todos os lojistas e quais são seus comércios, os que você já tem em sua cidade, o que ainda precisa ser aberto, há quantos dias/meses/anos sua cidade foi inaugurada, e muito mais.
E claro, estamos falando do Animal Crossing do Switch, então o mínimo que se espera é uma boa utilização dos recursos únicos do joy-con, como o HD Rumble para pescar (algo que foi feito em Super Mario Odyssey e funciona muito bem) em que eles vibram em intensidades diferentes dependendo do tamanho do peixe. E isso também pode ser utilizado para a escavação de itens, captura de insetos, entre outras coisas. Além de poder utilizar controles de movimento para os mesmos fins quando estiver jogando na TV ou no modo table top.
ANIMIIBO
A utilização dos amiibo pode vir muito mais presente no novo jogo, não apenas para trazer alguns personagens temáticos para sua cidade, assim como acontece com New Leaf após o update, mas também para abrir as lojas, utilizando a leva de amiibo já existente lançada com o Amiibo Festival, bem como futuras figuras que possam ser lançadas. Além disso, elas podem gerar itens randômicos, dinheiro, frutas e outros recursos que podem ser bem úteis no crescimento de sua cidade. Existe um set de 16 amiibo que muito provavelmente vai aumentar com o lançamento de um jogo novo e eles podem ser colocados em bom uso no jogo do Switch.
Dependendo dos recursos, os amiibo poderiam até ter uma importância na coleta de peixes e insetos, que são partes importantes do crescimento de sua cidade, além de ter até uma área de colecionáveis dos próprios amiibo, em que cada amiibo escaneado aparece em uma espécie de museu, assim como acontece com os fósseis e obras de arte.
Os amiibo estão aí para serem utilizados e, se é assim, sou totalmente a favor de utilizações ousadas, uma vez que isso não prejudique a experiência de quem não os coleciona. Para isso, é claro que as figurinhas dos amiibo teriam que ser encontradas de alguma outra forma no decorrer do jogo com um pouco mais de trabalho. Eu mesmo, como colecionador de amiibo, iria gostar de encontrar alguns que não possuo escondidos por aí como itens do jogo.
MUITO MAIS ANIMAL
Se eu pudesse fazer um último pedido seria que, em uma cidade maior, possamos receber mais moradores, além dos 10 que estamos acostumados. Já é difícil dar conta dos 10, mas se quiséssemos um trabalho fácil, não estaríamos cuidando de uma cidade inteira, certo?
Animal Crossing é uma série que nasceu cheia de potencial desde o primeiro jogo e nunca falhou em entregar uma nova experiência para os jogadores sem perder sua essência, cuidando com muita atenção de quem já acompanhava a série durante todos estes anos e abrigando cada vez mais e mais adeptos em cada plataforma que passava. Utilizar todos esses recursos a favor de uma experiência completa e definitiva em um console cheio de potencial como o Nintendo Switch é um trabalho “fácil” para a Nintendo e estamos curiosos para ver a cidade que ela tem a nos oferecer.
Estamos ansiosos para abrir mão de novas vidas sociais e sermos totalmente sugados para esse mundo virtual que sempre nos trouxe tantas emoções. Claro que, se você não se abala quando um dos moradores diz que sente sua falta depois de muitos dias sem entrar no jogo, talvez Animal Crossing não seja pra você.
E por favor, coloquem um horário digno de trabalho para a Isabelle, não queremos mais que ela trabalhe 24 horas por dia. Ele merece uma vida fora da prefeitura desta vez.
Sobre o autor
Angelo é criador do site Meu Nintendo.
Jornalista. Hylian. Mas talvez seja um Kokiri. …ou um Korok.
Twitter: @angeloops_
Instagram: @MeuNintendo / Facebook: MeuNintendo