Digital Monster, ou simplesmente Digimon, desde o fim da década de 90 e início dos anos 2000 é uma franquia importante principalmente para aqueles que cresceram nessas épocas. Através de uma grande variedade de séries animadas e jogos, a marca dos monstros digitais só continuou a crescer, mas parece inegável que, com o tempo, também começou a se perder um pouco.
Mesmo passando por uns estranhos bocados e ter causado o distanciamento de alguns, em anos mais recentes a franquia vem passando por uma espécie de renascimento. Apostando no fator nostalgia de seus primórdios, Digimon viaja de volta ao passado para garantir seu futuro com ambos fãs de longa data e uma audiência descobrindo o “mundo digital” pela primeira vez.
Com a franquia completando seu aniversário de 25 anos em 2022, este parece o momento perfeito para dar uma olhada geral sobre sua história e analisar quatro aspectos importantes da marca. Vamos dar uma volta pelo “Digi-World”!
O Rachar de um (Digi)Ovo
Não há como falar sobre a história de Digimon sem tocar em suas origens com bichinhos virtuais. Se isso traz algo como os famosos aparelhos Tamagotchi à sua mente, ótimo, pois as duas franquias estão bem conectadas através de uma fonte em comum: a fabricante de brinquedos Bandai.
Partindo da popularidade dos pets digitais com crianças, Digital Monster surgiu em 1997 como uma alternativa “radical” aos adoráveis dispositivos ovais, direcionada primariamente a meninos. No geral, a experiência era bem semelhantes à dos Tamagotchi, mas trazia um novo foco em evoluir as criaturas para enfrentar outras de coleguinhas conectados. Um sucesso estrondoso, diga-se de passagem.
Até agosto de 1998, quatro versões do aparelho estavam disponíveis no mercado, cada uma trazendo um tipo de ovo diferente e ainda mais possibilidades de formas evoluídas para os monstrinhos. No total, 70 criaturas foram disponibilizadas para a garotada, e lançamentos subsequentes trariam ainda mais funcionalidades ao dispositivo, incluindo contadores de passos, fusões e mecânicas de RPGs.
Sendo muito enraizado no Japão, pode parecer que, após 25 anos, esse lado da franquia sumiu, mas de fato ainda segue ativo e muito bem! Celebrando duas décadas dos monstrinhos digitais, 2017 viu o lançamento de uma edição especial do aparelho original com algumas adições, uma novidade que parece ter reacendido a chama de alguns fãs.
Seguindo esse e outros relançamentos de dispositivos clássicos, a Bandai trouxe no ano passado a encarnação mais recente da linha. Se parecendo menos com um Tamagotchi, o Vital Bracelet Digital Monster assume a aparência de pulseiras inteligentes, dando mais ênfase ao exercício físico numa era ameaçada pelo sedentarismo.
Com o bracelete, o objetivo não é mais alimentar e limpar o monstrinho, mas sim permitir que ele se conecte à energia vital de seu dono para continuar saudável. Para isso, cabe ao usuário, incentivado por rastreadores de batimentos cardíacos, contadores de passos e tarefas diárias, se movimentar e exercitar para evoluir seu Digimon.
Em adição, o Vital Bracelet permite a criação de várias espécies de monstros, em contraste aos seus predecessores que só incluíam um tipo específico de “digi-ovo”. Desta vez, ao invés de adquirir todo um dispositivo separado, o usuário que deseja outras variantes de Digimon simplesmente compra um cartão de memória da marca, com cada um trazendo diferentes criaturas.
Tal como os monstrinhos, a atual série de aparelhos segue evoluindo. Seu próximo modelo, o Vital Bracelet BE, está programado para chegar até o fim de 2022 e incluirá uma edição resistente à água, além de um novo tipo de cartão de memória com personagens não apenas de Digimon, mas também das franquias Demon Slayer, My Hero Academia e Tokyo Revengers.
Enquanto o novo dispositivo não chega, o anterior ainda pode ser aproveitado até por fãs fora do Japão, já que ele recentemente deu as caras nos Estados Unidos sobre o nome Vital Hero. Em lojas como a Amazon, o aparelho pode ser encontrado por US$ 65,00 (aproximadamente 335 reais).
Aventuras na TV e no Cinema
Com o sucesso dos bichinhos virtuais, era apenas uma questão de tempo para que essa popularidade fosse explorada em forma de anime, e assim aconteceu em 1999. Contando a história do jovem Taichi e seus amigos, a série animada Digimon Adventure foi o que realmente alavancou a marca a novos patamares, introduzindo pessoas do mundo inteiro aos monstros digitais.
Sem medo de abordar temas mais sérios, o anime conquistou corações tanto de crianças pequenas, como também os de adolescentes e até jovens adultos da época. Em contraste à rival Pokémon, até hoje focada em Ash e Pikachu, a Digi-franquia produziu várias subséries ao longo dos anos, cada uma trazendo as aventuras de diferentes “digiescolhidos”. Discutivelmente, há algo para todos os gostos.
No entanto, o preço dessa variedade de cenários e estilos parece ser a dificuldade em reter uma base de fãs. Afinal, aqueles que gostavam de uma obra anterior poderiam não apreciar tanto assim a nova. Todavia, talvez esse problema poderia ser resolvido com as celebrações nostálgicas de 15 anos da franquia em 2015. Felizmente, isso de fato ocorreu… e Digimon Adventure Tri. aconteceu.
Retornando aos protagonistas originais, a nova série foi composta por seis filmes, trazendo uma história banhada em nostalgia para fãs que cresceram com a franquia nos anos 2000. Enquanto isso, na TV, o anime App Monsters tentava quebrar os moldes de suas obras predecessoras, introduzindo novos personagens e um tipo inédito de monstros, algo que inicialmente desagradou muitos fãs.
Com a conclusão de App Monsters em 2020, a série mais uma vez apostaria o sucesso na nostalgia através de um reboot de Digimon Adventure. Após apenas um ano, o anime logo deu lugar a Ghost Game, que, sobre uma inédita temática de terror, acompanha as aventuras de novos personagens e parece estar agradando ambos fãs de longa data e novatos.
Monstros Digitais no Mundo Real
Tal como Pokémon e Yu-Gi-Oh!, Digimon também marca presença na indústria de jogos de cartas, ou TCG (“Trading Card Game”). Lançado em 1999, o Digital Monster Card Game (ou Hyper Colosseum) foi apenas o primeiro de múltiplos jogos promovidos pela Bandai, sendo precedido por quatro outros títulos até 2017.
Em 2020, foi lançada a iteração mais moderna do jogo, simplesmente chamada de Digimon Card Game. Com regras simplificadas, o TCG atual busca capturar o charme tradicional da franquia e atrair jogadores e colecionadores com uma jogabilidade bem dinâmica e lindas ilustrações para cada carta.
Infelizmente, o jogo não é distribuído oficialmente no Brasil. Assim, fãs brasileiros interessados em jogar provavelmente terão que recorrer à importação através de lojas especializadas nesse setor, o que pode acabar saindo um tanto caro. Entretanto, é sim possível experimentar o card game sem gastar nada, graças a um app oficial de tutorial (em inglês) para dispositivos iOS e Android.
Diversos Mundos, Diversas Histórias
Finalmente, o tópico mais pertinente a nós da Densetsu: os videogames. Dada a origem de Digimon com bichinhos virtuais, por si só uma espécie de jogo, foi simplesmente natural o primeiro game da franquia, Digital Monster Ver.S (Sega Saturn, 1998), tirar inspiração direta das mecânicas encontradas nos dispositivos da Bandai, em essência servindo como uma versão estendida do que já existia.
Somente em 1999 com Digimon World, no PlayStation, é que a franquia começaria a realmente forjar uma identidade como videogame. Nesse primeiro título de uma série, o jogador deveria se aventurar pelo “Mundo Digital” ao lado de seu monstrinho, com as sequências dos anos seguintes explorando mais mecânicas de JRPGs populares.
Ao decorrer dos anos, ficou claro que Digimon se encaixa confortavelmente no gênero dos JRPGs, apesar de existirem alguns títulos diferentes. Poderíamos ficar o dia todo falando sobre os jogos da franquia que capturam tanto o espírito de aventura da série animada, portanto separei apenas três obras mais recentes, cada uma trazendo uma experiência diferente do mundo digital.
Digimon Story: Cyber Sleuth (PS4, Switch, PS Vita, PC)
Inspirado por títulos populares como os da série Persona, Cyber Sleuth, de 2015, acompanha a história de um jovem que acaba se vendo preso num avatar digital. Na tentativa de voltar ao seu corpo original, o herói deve se tornar uma espécie de detetive e utilizar os recursos no espaço virtual para resolver casos no mundo real relacionados aos Digimon.
Semelhante a outros RPGs modernos, o título traz permite que o jogador customize sua equipe de personagens que serão utilizados em batalhas baseadas em turnos. Dessa forma, fãs da franquia podem desfrutar de seus monstrinhos digitais preferidos, com mais de 200 opções de Digimon disponíveis para se juntar à aventura.
Apesar do jogo ter aparecido originalmente em consoles PlayStation (PS4 e Vita), sua versão mais recente para Nintendo Switch e PC é a mais recomendada. Sendo uma “edição completa”, ela inclui não apenas todas as DLCs do lançamento original, mas também Hacker’s Memory, a continuação lançada em 2017 que traz uma história que ocorre em paralelo à do primeiro jogo.
Digimon World: Next Order (PS4, PS Vita)
Continuando a série que começou lá em 1999 no PlayStation, Next Order veio em 2016 e mais uma vez coloca o jogador no papel de um jovem transportado para o icônico Mundo Digital. Desta vez, o herói deve treinar não apenas um, mas dois monstrinhos que o acompanharão numa aventura fantástica repleta de desafios.
Se passando em um mundo aberto, o jogo inclui uma variedade de cenários recheados com objetivos, além de personagens interativos e Digimon inimigos. As batalhas acontecem em tempo real, com os monstrinhos digitais agindo automaticamente de acordo com os comandos dados pelo jogador em meio à luta.
Digimon Survive (PS4, Switch, Xbox One, PC)
Por fim, esta pequena lista não estaria completa sem o título mais recente. Quatro anos após seu anúncio original, Digimon Survive finalmente deu o ar das graças em julho de 2022, trazendo consigo uma jogabilidade inovadora para a franquia, misturando elementos de visual novel com mecânicas típicas de RPGs táticos.
Mantendo a tradição e evocando um pouco da série animada original, a trama acompanha um grupo de estudantes que, durante uma excursão escolar, acabam perdidos num lugar estranho. Logo aliados a Digimon amigáveis, as crianças devem se juntar para lidar com sua situação e descobrir uma forma de voltar para casa, o que também significa enfrentar monstros inimigos em combate estratégico.
Ademais, a história do jogo conta com múltiplos possíveis finais, variando de acordo com as decisões feitas pelo jogador ao decorrer da aventura. Além de influenciar o desfecho da trama, as escolhas também afetam a evolução do Digimon parceiro, agregando valor ao fator replay do game.
De Volta ao Mundo Real
Assim concluímos nossa pequena dedicatória aos 25 anos de Digimon. Esperamos que os fãs antigos apreciem relembrar os bons tempos e ver como andam as coisas atualmente. Já àqueles que ainda pensam em entrar neste universo de monstros digitais, esperamos que este artigo possa servir como o pontapé inicial que os levará a conhecer os anime, jogos e tudo mais que a franquia tem a oferecer.
Caso você seja um digi-escolhido há anos e deseja convencer seu colega não-convertido a mergulhar no Mundo Digital, compartilhe esta página com ele! Quem sabe na próxima aventura, seja no meio interativo ou nas animações, vocês não possam entrar juntos?