Final Fantasy XII: The Zodiac Age | Uma nova cara para uma velha série


Após muitos anos afastada dos consoles Nintendo, a franquia Final Fantasy começou 2019 trazendo alegria para os fãs que possuem o atual console da empresa. Venha conosco nessa jornada pelo mundo mágico e fantástico de Ivalice, pois hoje falaremos sobre Final Fantasy XII: The Zodiac Age.

Lançado originalmente em 2007 para PlayStation 2 no Japão como Final Fantasy XII: International Zodiac Job System, esta versão atualizada do décimo-segundo título principal da franquia de RPGs da Square Enix trouxe mudanças na jogabilidade, incluindo ajustes em seus sistemas e armas. Em 2017, o jogo retornou mundialmente para PS4 com gráficos remasterizados em HD e chegando esse ano no Nintendo Switch.

O mágico mundo da política 

A história do jogo é ambientada no mundo mágico de Ivalice, criado originalmente em 1997 pelo diretor Yasumi Matsuno em Final Fantasy Tactics.

Apesar de seus eventos acontecerem em um mundo mágico, como é de praxe na série, o enredo pode ser considerado uma das histórias mais sérias da franquia, pois enquanto as narrativas anteriores tinham como foco os personagens em si e algum mal maior que os mesmos deveriam derrotar para salvar o mundo, a história de Vaan e seus companheiros tem por foco o cenário político de seu mundo.

O reino de Dalmasca se vê preso em meio à guerra entre dois impérios: Archadia e Rozarria. Tal reinado acaba tendo suas terras invadidas por Archadia e tanto o príncipe Rasler quanto seu pai, o rei Raminas são mortos por tropas invasoras. Agora derrotada, Dalmasca é anexada ao império como um território marionete, ou seja, um reino culturalmente livre, mas que responde às vontades de seu conquistador.

Final-Fantasy-XII-Map

Dois anos após esses acontecimentos somos introduzidos a Vaan, um órfão que vive no reino desarmado e que pratica pequenos furtos para poder sobreviver. O jovem tem o sonho de se tornar um “Sky Pirate”, um tipo de pessoa que, segundo ele mesmo acredita, é livre para fazer o que quiser.

Vaan é acompanhado de sua amiga Penelo em uma relação onde cuidam um do outro. Ao longo do jogo, o par acaba se unindo a outros personagens, o pirata Balthier e sua parceira Fran, o cavaleiro considerado traidor Basch e a princesa do reino de Dalmasca, Ashelia.

É aqui que começa o problema com a história de Final Fantasy XII. Apesar do jogo apresentar Vaan como protagonista, logo quando Balthier e Fran se juntam a ele, o foco da trama sai do então personagem principal para os novos integrantes. Quando Ashe se junta ao grupo, essa mudança de protagonismo acontece novamente, focando na personagem em sua tentativa de libertar Dalmasca das amarras do império, deixando Vaan e Penelo muitas vezes de lado no enredo.

Screenshot de Final Fantasy XII: The Zodiac Age

Muitas cutscenes por exemplo incluem a dupla de órfãos ao fundo interagindo entre si enquanto o resto da equipe participa de conversas mais relevantes, quase como se os dois só estivessem ali para servirem de atrativo para os fãs adolescentes da série.

Em um contexto geral, a história seguiria tranquilamente sem a presença dos jovens. De fato, Vaan é o personagem mais chato do jogo, sendo um dos poucos personagens da série que raramente são apreciados pelos fãs que o conhecem e muito disso tem haver com o fato de que ele só está lá para atrapalhar a história ou ter uma participação forçada em algum evento que poderia acontecer sem ele.

Final-Fantasy-XII-AsheVaanPenelo

Como mencionei antes, a história do game é focada em política, então não espere muitas cenas de ação. Na maior parte do tempo, as cutscenes focam nos diálogos entre os personagens e explicam como os impérios funcionam, dando um certo contexto histórico-cultural de cada uma das nações.

Outro fator interessante é que, como de praxe nos jogos ambientados em Ivalice, o inglês utilizado na localização do jogo é uma forma mais antiga e coloquial, o que pode se tornar um pouco difícil para aqueles que não estão acostumados com o idioma.

Influências e inovações

Final Fantasy XII também possui fortes influências de  MMORPGs, mais especificamente do jogo anterior da série, Final Fantasy XI, que foi o primeiro RPG online baseado na série. Essas influências resultam em um jogo que é muito diferente do que os fãs da série esperam, com um sistema de batalha mais ativo, muitas missões opcionais e um sistema de coleta baseado em caçar grandes quantidades do mesmo inimigo para que os jogadores consigam itens melhores. Essas recompensas podem ser trocadas nas lojas por outros itens de qualidade superior que muitas vezes não podem ser adquiridos de outras maneiras.

Final-Fantasy-XII-Fight

No que diz respeito ao sistema de batalha, o jogo sofre sua maior mudança. Sai o sistema de turnos, entra o sistema “Active Dimension Battle”. Essa nova mecânica ainda faz uso da barra de tempo existente no sistema anterior da série mas mantém as coisas mais ativas, com o jogador tendo como opção deixar seu grupo ser controlado automaticamente graças aos “Gambits”, um subsistema que permite que ordens e comandos específicos sejam pré-definidos para serem executados durante a batalha.

É possível customizar suas ordens de acordo com qualquer situação que o jogo apresente, definindo ordens como atacar um determinado inimigo, ressuscitar aliados derrotados ou apenas atacar normalmente. A versão de Switch permite que até três combinações diferentes de Gambits sejam preparados e trocados a qualquer momento, o que aumenta ainda mais o fator de estratégia do jogo.

O jogador que conseguir dominar o sistema de ações pré-determinadas conseguirá completar o jogo sem problemas, eliminando até mesmo os inimigos mais perigosos. A mecânica de Gambits é tão eficiente que pode acabar fazendo com que o jogo se jogue sozinho sem precisar de muitas ações imediatas. É claro, é possível desativar as orientações completamente e jogar manualmente, mas o fato do game incentivar o uso do novo sistema afeta o jogador. Você prefere ter controle sobre a ação dos seus personagens, ou prefere só aproveitar a jornada?

Final-Fantasy-XII-AutoBattle

Muito tempo é oferecido ao jogador para acostumar-se com a nova mecânica, pois Final Fantasy XII possui diversos inimigos e missões que em sua grande maioria são totalmente opcionais e dão ótimas recompensas incluindo invocações que aqui são chamadas de “Espers”. As missões secundárias dão um toque extra no jogo, aumentando e muito a quantidade de horas totais que o mesmo possui. A obra é considerada uma das que mais possui conteúdo adicional, rivalizando os MMORPGs da série. Em geral, são mais de 30 horas de atividades extras.

Outra mudança na jogabilidade é como os personagens evoluem. Enquanto os membros do grupo aumentam seus atributos ao passar de nível, suas aptidões começam bem simples, permitindo equipar apenas itens básicos. Para se aperfeiçoarem e fazerem uso de equipamentos melhores, os personagens utilizam outro novo sistema do jogo, a “License Board”.

Em uma clara referência ao sistema de Final Fantasy X, o jogo implementa uma maneira semelhante de evoluir seus personagens. Sempre que o jogador adquire um novo personagem, uma chance de decidir a classe do novo integrante é apresentada com 12 opções disponíveis. Não se preocupe caso sua versão tenha nomenclaturas em japonês, apesar de alguns nomes parecerem novos, todas as classes são basicamente as que existiam nos jogos mais antigos com “Bushi”, por exemplo, sendo o tradicional Samurai, Red Battlemage sendo Red Mage, etc.

Final-Fantasy-XII-LicenseBoard

Cada uma dessas classes possui seu próprio tabuleiro de habilidades constituídos de nódulos representando cada uma delas. Essas habilidades são chamadas de Licenças e o jogador precisa desbloqueá-las caso queira equipar algum item ou usar uma habilidade que ainda não está disponível para determinado personagem. Existem licenças de habilidade que são disponíveis em todos os tabuleiros enquanto outras são exclusivas para as classes em questão.

Para aprender novas licenças os jogadores pagam pontos de licença adquiridos ao derrotar monstros. Bem mais do que lutar por pontos de experiência, jogadores passarão um bom tempo coletando pontos de licença para conseguir as habilidades mais avançadas de cada classe.

Apesar do sistema de tabuleiro ter sido adicionado na versão Internacional do jogo original, aqui ele sofreu uma pequena mudança. Em The Zodiac Age, cada personagem pode equipar dois tabuleiros, diferente de uma como na versão Internacional. Uma vez que duas classes são escolhidas, os jogadores devem permanecer com suas escolhas até o fim.

As versões de Switch e Xbox One adicionam uma opção de reclass, onde jogadores podem mudar as classes livremente depois de falar com um NPC, recuperando todo os pontos de licença gastos até aquele momento mas mantendo seu nível atual. Isso permite que os jogadores estejam sempre preparados para quaisquer desafios, já que sempre poderão mudar para uma combinação mais poderosa de classes caso encontrem problemas.

Final-Fantasy-XII-Jobs

Seguindo a tradição da série, a trilha sonora do jogo continua excelente, com temas que colaboram bastante para a atmosfera do jogo. Infelizmente, para os fãs mais antigos, esse fator pode ter um grande porém já que o compositor Nobuo Uematsu, responsável pelas trilhas dos jogos anteriores, compôs apenas o tema principal do jogo enquanto todo o resto das músicas são da autoria de Hitoshi Sakimoto, que atuou na série Tactics.

Esse é um título único na série, totalmente diferente de tudo o que já havia sido feito até então e sem sombra de dúvidas, um dos jogos que abriu as portas para as mudanças que a franquia principal receberia nos próximos jogos. Isso confere à obra um peso histórico e é um dos games essenciais para qualquer fã do gênero.

Contudo, é necessário apontar aqui que Final Fantasy XII: The Zodiac Age é uma obra que pode ser de difícil apreciação se o jogador espera uma experiência igual à oferecida por seus antecessores. Sua história focada em política e traições, seu mundo e até seu estilo de jogo são o oposto dos jogos lançados anteriormente.


Final Fantasy XII: The Zodiac Age é um jogo muito original para a aclamada série, então caso você queira um RPG cheio de conteúdo extra e com uma história mais focada nos acontecimentos do mundo do que nos personagens em si, esse é o jogo perfeito para você.

Uma aventura incrível que deve ser jogada por qualquer pessoa que se considera fã de RPG.

Versão utilizada para a análise:
Nintendo Switch

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Jornalista, Assessor de Imprensa, fã de café e dono do canal Carinha que Joga. É um fã incondicional de Sonic, tendo Sonic Adventure 2 como seu jogo favorito de toda a franquia. Gosta de quase todos os estilos de games, sendo principalmente um grande fã de JRPGs. Breath of Fire IV e Final Fantasy VIII são 2 de seus RPGs favoritos. Também curte várias outras séries como MGS, BlazBlue e Tales