A Evolução de PES / Winning Eleven | #TimelineLendária

Uma viajem pela linha temporal dos jogos de futebol da Konami.


Desde a geração 16-bits com o Super Nintendo e o Mega Drive, fãs de videogame são agraciados anualmente com títulos esportivos. No caso do futebol, os dois games mais famosos que simulam o esporte são as séries FIFA, da Electronic Arts, e Pro Evolution Soccer, da Konami, popularmente conhecida pelo acrônimo PES.

Para 2021, a franquia japonesa decidiu inovar, com seu novo título, renomeado para eFootball, sendo um jogo gratuito para múltiplas plataformas. Essa inovação e mudança de nome, no entanto, é só mais uma das várias tentativas da série de se renovar desde seus primórdios nos anos 80.

Chamem-na de PES, Winning Eleven, eFootball, ou até mesmo Konami Soccer. A franquia já passou por muitos maus (e bons) bocados ao decorrer de décadas e, neste artigo especial, vamos viajar pelo tempo e ver como foi essa evolução.

Screenshot de International Superstar Soccer

Gênese (1985–1995): ISS/World Soccer

Engana-se quem pensa que a Konami só começou criar jogos de futebol na época dos primeiros consoles PlayStation. Na verdade, a desenvolvedora japonesa entrou em campo com esses títulos em meados da década de 1980, durante a infância da indústria de videogames.

Lançado em 1985 para o microcomputador MSX, exclusivo do Japão, Konami’s Soccer foi o primeiro título futebolístico da empresa. Embora simples, sua jogabilidade se provou divertida entre jogadores da época, mesmo com as limitações de sua plataforma.

Com essa primeira faísca, a desenvolvedora tentaria mais uma vez acender uma chama em 1992 com Konami Hyper Soccer, como parte de sua série Hyper Sports no Nintendo Entertainment System (NES). Mesmo assim, esses títulos ainda estavam longe de ser algo que chamaria a atenção de todos para o mundo do futebol eletrônico.

Screenshot de Konami Hyper Soccer

Com a vinda dos hardwares de 16 bits, como o Super Nintendo Entertainment System (SNES), se tornou possível replicar ainda melhor a experiência de um jogo de futebol. Sobre essas condições, o aclamado International Superstar Soccer (Jikkyou World Soccer: Perfect Eleven no Japão) foi lançado em 1994, apresentando uma jogabilidade bem intuitiva e gráficos impressionantes para a época.

Conquistando fãs por todo o mundo, incluindo no Brasil, a série não demorou para produzir uma continuação com ISS Deluxe (ou Jikkyou World Soccer 2: Fighting Eleven). Essa sequência trouxe ainda mais opções de times, novas animações e mais detalhes em relação a uniformes e aparências dos jogadores, sendo bem recebida pelos fãs.

Diferente com o que estamos acostumados em títulos esportivos de hoje, ISS não tinha as licenças para retratar em jogo a Copa do Mundo e nem craques reais. Assim, a Konami teve que ser criativa, introduzindo versões fictícias desses elementos do mundo real na forma da “Copa Internacional” e personagens como o icônico Allejo, inspirado pelo famoso atacante brasileiro Bebeto.

Screenshot de International Superstar Soccer

Após os dois lançamentos para Super Nintendo, a série International Superstar Soccer ganhou ainda mais títulos no Nintendo 64 e PlayStation. Entretanto, desejando desviar um pouco da jogabilidade estilo “arcade”, pela qual seus jogos dessa época eram conhecidos, a Konami decidiu desenvolver uma outra série focada em uma experiência de futebol mais realista, preparando o campo para o que eventualmente seria a franquia PES.

Primórdios (1995–2001): ISS Pro/Winning Eleven

Enquanto ISS seguia sendo desenvolvido pelo estúdio da Konami em Osaka, a divisão da empresa em Tóquio produziu e lançou em 1995 um novo jogo de futebol, World Soccer: Winning Eleven. Batizado Goal Storm no ocidente, a premissa continuava a mesma dos títulos anteriores da empresa, mantendo as seleções e jogadores fictícios, porém introduzindo uma jogabilidade mais simplificada.

Dois anos depois, uma sequência, World Soccer: Winning Eleven ’97, viria para causar confusão entre fãs ao adotar títulos diferentes para seus lançamentos internacionais. Enquanto o jogo manteve o nome Goal Storm 97 na América do Norte, foi decidido que a edição europeia traria de volta a marca ISS, intitulando o jogo International Superstar Soccer Pro.

No ano seguinte, para o terceiro Winning Eleven, a versão americana também desistiria de vez da marca Goal Storm e retornaria às raízes com o nome ISS Pro ’98. Tenha em mente que, enquanto essa nova série começava a caminhar, a anterior ainda continuava a receber novos jogos, com esse mesmo ano trazendo International Superstar Soccer ’98. Parece confuso?

Screenshot de International Superstar Soccer Pro '98

Com J.League Jikkyou Winning Eleven 3 (veja, os títulos no Japão também mudavam), várias novidades foram introduzidas. Jogadores agora tinham acesso a mais times e podiam alterar os nomes de seus atletas, além de desfrutar de diferentes modos de jogo.

Apesar do lançamento de sucesso, vários problemas e bugs praguejavam o novo título. Assim, 1999 levou Winning Eleven 3: Final Ver. às lojas no Japão. Além de corrigir os problemas da versão original, o relançamento também aproveitou para atualizar a jogabilidade de várias formas.

A virada do milênio viu a chegada de ISS Pro Evolution, o Winning Eleven 4. Esse quarto título da série se provou uma grande mudança para a série com a introdução de várias mecânicas que se tornariam queridas no que passaríamos a conhecer como PES. Novidades incluíram passes livres, dribles e, mais notavelmente, a icônica “Master League”.

Screenshot de International Superstar Soccer Pro Evolution

Nesse novo modo de jogo, jogadores podiam escolher os melhores clubes europeus da época e competir na “liga mestre”. Diferente das outras modalidades, na Master League o objetivo era desenvolver uma equipe fraca e, ao decorrer da campanha, elevar seus atletas genéricos a grandes campeões.

Apesar da primeira iteração do modo ser bem simples, ainda não adotando sistemas de rebaixamento e passagem de tempo, ele se provou um sucesso entre os fãs. Na versão atualizada do jogo, ISS Pro Evolution 2, a modalidade já regressaria com vários ajustes significantes, incluindo duas divisões e alguns times não europeus, com o Vasco da Gama representando o Brasil como o primeiro clube brasileiro a aparecer na franquia.

Ascensão (2001–2006): PES

Em 2001, o quinto Winning Eleven foi lançado, tirando proveito do novo console PlayStation 2. Desta, o título japonês foi mantido em sua versão americana. Enquanto isso, um novo nome foi escolhido para os lançamentos na Europa, Pro Evolution Soccer, e, por lá, a série passaria a seguir sua própria numeração com jogos subsequentes.

Tal como já havia ocorrido com seus predecessores, Winning Eleven 5 recebeu edições atualizadas em seu país de origem, incluindo a especial J-League. Essa versão substituía todas as seleções do jogo por times japoneses, dando início a uma pequena tradição que se repetiria em títulos futuros graças a uma parceria entre a Konami e a Associação de Futebol do Japão.

Screenshot de J-League Winning Eleven 5

Coincidindo com a Copa do Mundo FIFA de 2002, sedeada na Coréia do Sul e Japão, Winning Eleven 6 chegou com gráficos impressionantes e novidades, incluindo um editor de personagens. Fãs puderam se divertir customizando a aparência de seus atletas, tornando a experiência ainda mais interessante.

Infelizmente, o jogo do ano seguinte não se preocupou tanto em mudar a fórmula, nem nada do tipo. Mesmo assim, foi com seu sétimo título que a série recebeu, pela primeira vez, equipes licenciadas e uma loja especial na qual jogadores poderiam gastar seus pontos acumulados no jogo para liberar novos craques e times secretos.

Como se fosse para compensar pela falta de grandes novidades no título anterior, os três anos seguintes evoluíram significantemente a série. O décimo jogo, intitulado Winning Eleven: Pro Evolution Soccer 2007 na América, é considerado por muitos o melhor da franquia na era PS2, trazendo uma variedade de modalidades e adições cômicas em sua loja especial, como roupas de pinguim para os atletas.

Screenshot de Winning Eleven: Pro Evolution Soccer 2007

Decadência (2007–2013)

Winning Eleven 10 representou não apenas o auge da série, como também o fim de uma era dourada. Além de ser lançado para PlayStation 2, o título se tornou o primeiro da franquia a chegar para uma plataforma da sétima geração de consoles com sua versão para Xbox 360. Entretanto, essa edição não trouxe muito além de gráficos levemente aprimorados e até removeu elementos presentes em seu lançamento original.

Apesar do PS2 já estar de saída do mercado nessa época, o console ainda viria a receber conversões de títulos da série lançados até 2013. Contudo, vale notar que todos esses lançamentos utilizavam o décimo jogo como base, já que a plataforma, é claro, não poderia suportar as versões originais, feitas para sistemas mais sofisticados.

Tendo apenas colocado um pé na nova geração com o título de 2006, PES 2008 viria no ano seguinte, trazendo, de verdade, a primeira experiência da série com gráficos em alta definição. O jogo se destacava por seus personagens completamente remodelados, além de animações inéditas e adições à jogabilidade. Desta vez, jogadores podiam até customizar seus atletas com a imagem de seu rosto através de fotos por câmera.

Screenshot de Pro Evolution Soccer 2008

Em sequência, Pro Evolution Soccer 2009 traria duas grandes novidades à série: a inclusão da popular Liga dos Campeões da Europa e o inédito modo de jogo “Become a Legend”. Nessa modalidade, jogadores poderiam criar seu próprio personagem e, por meio de partidas, transformá-lo em uma lenda do futebol, como sugeria o título da jornada.

Até 2009, os jogos FIFA, da Electronic Arts, já andavam introduzindo suas próprias melhorias e começavam a jogar PES para o escanteio. Enquanto a Konami ainda procurava trazer uma pegada mais “arcade”, tomando certas liberdades com o esporte por fins de jogabilidade, os títulos da EA eram considerados simuladores de futebol, se aproximando mais da coisa real.

Com PES 2010, a desenvolvedora repensou sua estratégia. Se inclinando para um estilo semelhante ao de FIFA, o novo título da Konami adotou gráficos menos estilizados e uma jogabilidade mais lenta e focada em táticas realistas. Tudo isso foi uma tentativa de bater de frente com a concorrência, que parecia estar com a posse de bola.

Screenshot de Pro Evolution Soccer 2010

Nos três títulos seguintes, a série se manteve na mesma premissa estabelecida por sua iteração de 2009, evoluindo no departamento de gráficos e certas mecânicas. Novidades vieram na forma de coisas como a Copa Libertadores e outras adições, como o regresso de times brasileiros que ficaram anos fora da franquia, mas no geral as coisas pareceram se estagnar um pouco até 2012.

Ao lado de Hideo Kojima, aclamado diretor de jogos e criador da popular franquia Metal Gear, a Konami desenvolveu o ambicioso motor gráfico Fox Engine. Assim, Pro Evolution Soccer 2014 foi um dos primeiros títulos desenvolvidos com a ferramenta, mais uma vez trazendo uma evolução gráfica significante para a série.

No entanto, apesar das melhorias visuais, a jogabilidade sofreu com sua nova estrutura, com os sistemas de física apresentando alguns problemas durante as partidas. O resultado foi momentos cômicos e esquisitos de colisões entre personagens que renderam risadas entre usuários na internet, frustração entre fãs e, para a Konami, talvez um pouco de humilhação.

Ultimato (2014–2020)

Embora o primeiro experimento com a Fox Engine tenha acabado em constrangimento, PES 2015 veio para fazer bom uso do motor. O jogo trouxe ajustes à jogabilidade e introduziu o modo competitivo online “MyClub” para rivalizar com o “Ultimate Team” de FIFA 09 em diante. Com isso, jogadores poderiam customizar seus times com atletas adquiridos por meio de microtransações e partidas.

Pro Evolution Soccer 2017 ainda deu atenção a modos single-player, com o lendário Master League, mas era inegável que o MyClub havia se tornado o foco da desenvolvedora e dos fãs. A modalidade recebeu ainda mais conteúdo, incluindo craques lendários disponibilizados por tempo limitado.

Screenshot de Pro Evolution Soccer 2017

Apesar de certamente representar um aumento em lucro e interesse dos fãs, MyClub não seria o suficiente para impedir que a franquia fosse sufocada pela concorrência. Em 2018, após passar anos com os direitos exclusivos da Liga dos Campeões da UEFA, a entidade máxima do futebol europeu anunciou que seu contrato com a Konami não seria renovado para títulos futuros.

Para piorar a situação, a instituição torceu a faca no peito de PES assinando um contrato com, é claro, a Electronic Arts. Enquanto fãs de FIFA celebraram o jogo daquele ano com a Liga dos Campeões, Pro Evolution Soccer 2019 marcou o fim de mais uma era, sendo lançado sem o grande campeonato.

Atordoada, a Konami decidiu que seu próximo título abraçaria com força os eSports, uma cena que continua crescendo exponencialmente. Após tantos anos, era hora da franquia se reinventar mais uma vez, adotando a alcunha eFootball PES 2020 e investindo mais pesado em competições online.

Screenshot de eFootball Pro Evolution Soccer 2020

Ainda assim, uma mudança de identidade não bastava. Para chamar a atenção, parecia realmente necessário, mais do que nunca, fazer as coisas realmente diferente. Então, em julho de 2020, a Konami surpreendeu a todos quando anunciou que eFootball PES 2021 não seria um novo jogo, mas sim uma atualização sazonal para o título do ano anterior.

Com mais tempo em mãos para desenvolver o próximo jogo da franquia, a desenvolvedora já havia deixado claro, daquele ponto em diante, as coisas seriam bem diferentes. A maior mudança da série, no entanto, ainda estava por vir no ano seguinte (também conhecido como este ano, alguns meses atrás)…

Atualmente (2021– )

Screenshot de eFootball 2022

O atual ano de 2021 marca, possivelmente, o início de uma nova era para a franquia que começou a vida como Winning Eleven (ou World Soccer, tecnicamente). Lançado recentemente para consoles de atual (PlayStation 4 e Xbox One) e próxima geração (PS5 e Xbox Series), além de dispositivos móveis e PC, eFootball 2022 abandona de vez a marca PES e adota um modelo free-to-play.

Inicialmente, o game traz apenas nove times, três deles brasileiros, inclusive, com a promessa de que mais equipes, ligas e modos virão por meio de atualizações futuras. Substituindo a Fox Engine, a nova Unreal Engine 5 serve como alicerce para o jogo, o que de cara parece promissor, mas, na prática, ainda requer alguns ajustes.

Screenshot de eFootball 2022

Após o lançamento, as discussões sobre o título foram instantaneamente dominadas pelos tópicos de bugs e erros bizarros que assombram o novo jogo. Um patch que deveria corrigir esses problemas foi recentemente adiado para novembro, o que não deixa fãs lá muito confiantes sobre o futuro da franquia, que para muitos já se tornou uma piada.

Mesmo assim, alguns ainda escolhem ter esperança de que tudo vai dar certo e, no fim, talvez, FIFA terá que começar a se esforçar de novo contra sua antiga concorrente. Podemos apenas esperar para ver se um dia veremos uma segunda ascensão da franquia.

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Jornalista, Assessor de Imprensa, fã de café e dono do canal Carinha que Joga. É um fã incondicional de Sonic, tendo Sonic Adventure 2 como seu jogo favorito de toda a franquia. Gosta de quase todos os estilos de games, sendo principalmente um grande fã de JRPGs. Breath of Fire IV e Final Fantasy VIII são 2 de seus RPGs favoritos. Também curte várias outras séries como MGS, BlazBlue e Tales