A Nippon Ichi Software é conhecida por ser uma empresa que sempre tem as ideias mais inusitadas em relação a jogos. Isso é melhor exemplificado por sua principal franquia, Disgaea, e se mantém em sua série de jogos de ação sidescroller, Prinny.
Lançados originalmente entre 2008 e 2010 para PlayStation Portable, os dois jogos que compõem a série estrelam o epônimo pinguim Prinny, também mascote da empresa, como personagem principal. Ambos proporcionam uma aventura totalmente maluca e cheia de desafios e, em 2020, foram relançados para Nintendo Switch através da coletânea Prinny 1-2: Exploded & Reloaded.
Um herói inesperado
Como visto em Disgaea, os pinguins engraçados conhecidos como “Prinnies” são uma raça nascida a partir de almas humanas que levaram uma vida de maldade. Ao morrer, esses espíritos pecadores são levados ao submundo, onde devem pagar por seus crimes através dessa nova forma de vida, trabalhando como escravos para demônios mais poderosos.
Além dessa tumultuosa vida após a morte, Prinnies são terrivelmente propensos a simplesmente explodir quando são atacados. Assim, eles acabam se tornando as criaturas mais fracas do “Netherworld”, o plano de existência dominado por mortos e demônios.
Com essa fraqueza em mente, pode parecer um tanto complicado produzir um jogo onde o jogador deve superar os desafios do submundo no controle de um pinguim explosivo. No entanto, a trama dos jogos oferece uma forma criativa de contornar esse problema, com ajuda da demoníaca Etna.
Reunindo um exército de 1,000 Prinnies sobre seu comando, a personagem recorrente da série Disgaea encarrega as pequenas criaturas de encontrar um pudim extremamente raro e delicioso, após ter perdido seus doces para uma criatura misteriosa. Para evitar a natureza explosiva dos pinguins, eles devem se aventurar vestidos com um cachecol especial.
Assim, forma-se a base de todo o jogo, com cada uma das 1,000 vidas do jogador representando um Prinny diferente pronto para assumir o lugar de um colega morto. Essa ideia inteligente, é claro, continua na sequência, onde os pinguins devem recuperar as calcinhas roubadas de Etna.
Vida de Prinny não é fácil
Como já mencionado, Prinnies são as criaturas mais fracas do submundo, o que é traduzido em uma jogabilidade bem simples em ambos os títulos. Em uma perspectiva unilateral, as duas aventuras contam com uma grande quantidade de inimigos e plataformas que o jogador deve atravessar com a ajuda de pulos precisos.
Apesar de fracos, os pinguins escravos possuem um ataque rápido, arremessando suas adagas contra inimigos próximos ou distantes. Em adição, os Prinnies podem se mover feito um pião, o que lhes garante uma invencibilidade temporária. Finalmente, pisotear inimigos com a ajuda de pulos duplos serve para sua vantagem, já que isso pode deixá-los atordoados.
Na sequência, algumas novidades à jogabilidade são introduzidas, como uma barra que, quando preenchida, coloca o pinguim em um estado frenético. Nesse modo, seus ataques ficam mais poderosos e inimigos que o tocarem durante um giro vão se arrepender ao tomarem dano.
Com duas opções de dificuldade, jogadores são livres para escolher entre uma configuração padrão, onde seu personagem aguante até três golpes antes de perder a vida, ou tentar a sorte no modo “Hell Finest”. Nessa modalidade, o jogo se torna impiedoso, bastando apenas um dano para que os pinguins protagonistas pereçam.
Entretanto, mesmo podendo selecionar um nível de dificuldade, não espere que uma dessas opções vá realmente deixar o jogo fácil. Mesmo no modo padrão, sobreviver a tudo que as fases jogam contra os pobres Prinnies ainda é um desafio, com inimigos chatos, plataformas complicadas e armadilhas mantendo presença constante.
Um (sub)mundo como nenhum outro
Na franquia Disgaea, pudemos conhecer vários muntos interessantes e diferentes de tudo que já vimos e, felizmente, Prinny mantém essa tradição. Os cenários continuam bem diversificados, ganhando vida através de lindos gráficos pseudo-3D (ou 2.5D) e apresentando diferenças dependendo do horário em que são visitados.
Habitando inimigos e chefões familiares para fãs de Disgaea, o cenário semi-tridimensional é complementado pelos belíssimos sprites de personagens. Todos eles são bem detalhados, com os Prinnies especialmente se destacando com suas vastas animações de reações e expressões, emanando estilo e personalidade.
Em adição às expressões cômicas de personagens, a comédia segue presente nos diálogos, como já é de se esperar de títulos relacionados a Disgaea. Ambos os títulos estão repletos de piadas e referências à cultura pop, além de homenagearem outros jogos de plataforma.
Fugindo da tradição de clássicos jogos de plataforma sem dublagem, a coletânea oferece não apenas as vozes do elenco de dublagem em inglês, mas também conta com as originais em japonês. Estranhamente, esse elenco sofre algumas alterações de um jogo para o outro, gerando uma transição esquisita quando o jogador joga ambos os títulos em sequência direta.
Em questão de trilha sonora, as músicas que lhe acompanham em cada fase, vemos abordagens diferentes entre os dois títulos. Enquanto o primeiro possui uma seleção de canções pouco impressionantes, o segundo diverte mais, trazendo uma boa variedade de estilos, indo desde o jazz até o rock.
Por outro lado…
Infelizmente, nenhum dos dois jogos são livres de alguns problemas. Além de ambos apresentarem um nível de dificuldade elevado, as fases possuem uma estruturação defeituosa que atrapalha ainda mais o progresso. Isso inclui vários buracos pelo caminho e pouca liberdade para exploração.
Adicionalmente, a jogabilidade oferece pouca variedade, o que pode tornar a experiência um tanto monótoma. Aqui, jogadores não encontrarão armas extras e as únicas coisas que talvez ajudem a quebrar um pouco a mesmice são alguns veículos e dois personagens jogáveis secretos. Entretanto, ainda assim, isso não é o suficiente para deixar o jogo mais divertido.
Prinny 1-2: Exploded & Reloaded traz duas aventuras interessantes para aqueles que gostam de se desafiar, porém talvez não seja o ideal para quem prefere evitar o estresse de jogos difíceis.
Ainda assim, a coletânea representa uma ótima oportunidade para jogadores reviverem os dias de glória de jogos de plataforma à moda antiga em um console moderno como o Switch.
Existem outros títulos melhores no gênero, mas Prinny dá o seu melhor e ao menos mostra como Disgaea pode funcionar em outros estilos.
Análise realizada através de versão para Nintendo Switch
Cópia cedida pela NIS America