É hora de embarcar em uma aventura que começou nos anos 90 e volta hoje para os consoles mais atuais de forma mais acessível. Sejam bem-vindos à jornada de Star Ocean: First Departure R.
Star Ocean é uma das muitas séries de RPG que hoje estão sobre o comando da Square Enix. O primeiro jogo foi lançado originalmente em 1996 para Super Famicom. Em 2007, esse título recebeu um remake para PlayStation Portable, intitulado First Departure. Agora, uma versão remasterizada desse segundo lançamento finalmente chegou para PlayStation 4 e Nintendo Switch.
Devido ao fato de Star Ocean e Tales Phantasia da Namco compartilharem praticamente a mesma equipe de desenvolvimento, as semelhanças entre os jogos é evidente, incluindo na história e em seus personagens.
A trama começa no planeta Roak, onde três amigos — Roddick, Dorne e Millie — estão tomando conta do seu pequeno vilarejo, lhe protegendo de perigos e outras coisas. Um dia, o chefe da vila recebe uma carta de um povo próximo pedindo ajuda com uma doença misteriosa. Assim, o Pai de Millie parte para examinar.
Logo o trio recebe uma carta do homem, dizendo que a doença desconhecida é mortal e transforma todos os habitantes em pedra. Os amigos decidem ir até uma montanha próxima para adquirir uma erva medicinal que acreditam poder ajudar, mas no meio do caminho descobrem que Dorne está infectado.
Uma dupla de personagens se teletransporta na frente dos jovens, se apresentando como Ronyx e Ilia. Surpreendentemente, os dois terráqueos afirmam que desejam ajudar os moradores do planeta a acabar com a misteriosa doença.
Logo o grupo descobre que a doença é uma arma secreta de uma misteriosa organização de outro planeta e que a única chance de cura existe no sangue de um poderoso “demônio” que existiu há 300 anos. Deixando Dorne para trás a seu pedido, Ronyx e Ilia decidem ir contra as regras da organização planetária para a qual trabalham e voltar no tempo junto com os jovens para conseguir a cura.
É assim que começa a história de Star Ocean: First Departure R, com Roddick e Ilia se separando de Ronyx e Millie e as duas duplas viajando pelo passado do planeta para se encontrar e conseguir o sangue do lendário rei demoníaco que pode servir de cura para salvar o futuro do universo.
É possível notar as semelhanças entre os enredos dos dois jogos, como a viagem pelo tempo e o fato de um personagem apresentado no início de jogo ficar para trás. Até mesmo alguns dos personagens durante a jornada de início podem ser vistos como uma outra versão de algum membro do grupo de Phantasia, como o protagonista Roddick que se parece muito com Cress, o herói principal do jogo da antiga Namco.
No entanto, First Departure R traz algo muito legal em sua história que o diferencia do jogo rival e aumenta as chances de querer jogar novamente, como eventos secretos que podem mudar a história.
Dos quatro personagens que foram apresentados, o jogo possui ainda outros nove que podem ser recrutados. Alguns aparecem durante a história normal enquanto outros só são conseguidos através de missões paralelas ou exploração dos cenários. É possível recrutar até quatro personagens além dos principais, totalizando em um grupo de oito companheiros.
Mesmo com todas as opções de membros do grupo, a história segue o seu rumo com todos os personagens aparecendo e interagindo, algo que não é tão comum em jogos com tantos companheiros opcionais. Algumas cenas especiais acontecem se você tiver alguns personagens no grupo e outros só são recrutados caso você tenha alguém específico.
Um exemplo notável dessas interações entre personagens é a opção “Private Action” que aparece quando o jogador está próximo a uma cidade. Selecionada a opção, o grupo se separa dentro do local e é possível vê-los interagindo em novas cenas que aumentam o nível de amizade da equipe e abrem caminho para novos eventos.
Batalhas
O sistema de batalha de First Departure R pode ser considerado uma evolução da jogabilidade de Tales of Phantasia. Porém, enquanto o jogo da Namco apresentava batalhas em campos 2D, Star Ocean utiliza cenários com aparência tridimensional para dar uma mudança à fórmula que estava surgindo.
Como o jogo original foi produzido para um console de 16-bits, com pouca capacidade para gráficos 3D, os desenvolvedores tiveram que utilizar a criatividade para conseguir simular os efeitos desejados e o resultado final foi algo bem interessante.
As batalhas lembram demais um jogo de ação como Final Fight, acontecendo em tempo quase real dentro de cenários com mais de um plano. Jogadores precisam pressionar botões mais de uma vez para selecionar seu alvo e os personagens ganham novas habilidades sempre que sobem de nível.
Adicionalmente, a cada nível ganho, os jogadores ganham pontos que podem ser utilizados para a compra de habilidades em diferentes cidades. Isso é útil para o sistema de culinária ou a customização de armas e itens. Cada personagem pode aprender qualquer uma dessas habilidades, mas é o jogador quem decide.
Apesar do sistema de batalha se diferenciar um tanto dos títulos da série Tales, alguns detalhes trazem problemas. O plano 3D, por exemplo, faz com que algumas coisas simples se compliquem um pouco. Infelizmente, personagens erram alguns ataques por erros de posicionamento no cenário e os gráficos 2D se comportam de forma estranha e desagradável.
Falando em batalhas, alguns chefões são extremamente fáceis e é possível notar um desequilíbrio na dificuldade do título, sendo possível até “trapacear” com a utilização de algumas estratégias que se aproveitam da imperfeição dos cenários 3D.
Altos e baixos da jornada
Star Ocean: First Departure R é extremamente diferente dos JRPGs atuais, sendo uma boa lembrança de um tempo mais simples. Seus gráficos 2D que já eram entre os mais atraentes do PSP continuam lindos e os planos de fundo mostram que ainda é possível utilizar essa arte em jogos que se inspiram nos mais clássicos.
As sprites dos personagens também são muito boas, mesmo com a existência de comportamentos estranhos durante certos ângulos. Elas são detalhadas e bem animadas, tornando interessante notar como o jogo consegue exibir algumas emoções através de pequenos detalhes.
Dito isso, problemas ainda existem na questão de arte, principalmente em relação às novas imagens criadas para os personagens exclusivos desta nova versão do jogo. Apesar de terem se baseado nos visuais originais criados para o Super Famicom, as sprites foram refeitas para o remake e é possível notar uma enorme diferença entre as ilustrações em diálogos e sua versão no mundo do jogo.
A trilha sonora do jogo é composta por Motoi Sakuraba, o mesmo compositor da série Tales Por isso, a música apresenta uma semelhança enorme com os jogos da Namco e, infelizmente, assim como nos outros trabalhos do compositor, não há muitas canções memoráveis.
Finalmente, vale notar que, sendo apenas uma versão remasterizada do remake lançado originalmente para PSP, as únicas adições são uma nova resolução, novas ilustrações de personagens, uma canção de abertura inédita e dublagem japonesa regravada. Assim, em uma TV grande a imagem pode acabar um tanto distorcida e desagradável.
As novas ilustrações de personagens podem confundir alguns, já que as cutscenes e sprites não foram atualizados para os novos designs, causando um problema de estilos artísticos em conflito.
É preciso notar que, por ser um título originário da década de 90, ainda existem alguns problemas que são típicos de jogos daquela era, como a necessidade de enfrentar inimigos repetidamente por dinheiro, assim como um guia sendo de extrema importância para que certos itens e personagens possam ser adquiridos, já que o jogo em si não oferece pistas sobre como consegui-los.
Star Ocean: First Departure R é um RPG antigo que serve para apresentar os jogadores a uma série pouco conhecida. Por ser um relançamento de um remake, ele possui algumas adições que atualizam o título original e assim remove alguns problemas que um título de sua década possui.
Se você já jogou a versão de PSP, saiba que poucas novidades serão encontradas nesta nova versão, mas ainda é possível experimentar as batalhas contra chefes de forma rebalanceada. A versão R é feita para que novas plataformas desfrutem desse clássico.
Plataforma utilizada para análise: PlayStation 4 padrão
Análise produzida a partir de uma cópia digital cedida pela Square Enix